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Introdução à Teologia

O que é Teologia? Essa é a pergunta vital para iniciarmos estudos nesta área. Antes, porém, de trazer uma definição é útil contar que a Teologia sempre foi uma disciplina de interesse dos santos dos últimos dias. Um trecho da História da Igreja ilustra isso:

“Depois dos primeiros esforços da Escola de Profetas, em 1833, a Escola dos Élderes reunia-se durante os dois invernos seguintes, quando os homens não estavam tão ocupados trabalhando na fazenda ou em suas designações missionárias. Ela reunia-se em uma sala de aproximadamente nove por onze e meio metros, no andar térreo da oficina tipográfica, logo a oeste do templo. Seu propósito era o de preparar homens que iriam sair como missionários ou para servir em outros chamados da Igreja. O currículo incluía gramática inglesa, redação, filosofia, governo, literatura, geografia e história antiga e moderna. A teologia, porém, era a matéria que recebia maior ênfase.

Um importante resultado da Escola dos Élderes foi uma Escola de hebraico, realizada de janeiro a abril de 1836, sob a direção de um jovem professor de hebraico chamado Joshua Seixas. Ele foi contratado por 320 dólares para ensinar quarenta alunos por sete semanas. O interesse foi maior do que o esperado, por isso duas outras classes foram organizadas. Depois que Seixas partiu, o interesse pelo hebraico continuou. (...) O Profeta Joseph Smith estava particularmente entusiasmado a respeito de seu estudo de hebraico. Ele declarou: “Minha alma deleita-se na leitura da palavra do Senhor no idioma original.” Um jovem que não era membro, Lorenzo Snow, vindo da cidade vizinha de Mantua, Ohio, passou a frequentar a escola de hebraico. Certo dia, enquanto estava a caminho do Oberlin College, Lorenzo encontrou-se com o Élder David W. Patten. Sua conversa voltou-se para religião, e a sinceridade e o testemunho do Élder Patten deixaram uma impressão duradoura em Lorenzo. Ele, portanto, estava receptivo, quando sua irmã Eliza, recém-convertida à Igreja convidara-o a assistir às aulas. Enquanto estava frequentando as aulas, Lorenzo conheceu Joseph Smith e outros líderes da Igreja e foi batizado em junho de 1836.” (História da Igreja na Plenitude dos Tempos, IJSUD, 2002, pgs. 160-161).

Lorenzo Snow tornou-se apóstolo, e mais tarde Presidente da Igreja. Agora perceba como as aulas de Teologia – e aulas relacionadas – como Hebraico, História e Filosofia tiveram uma influencia profunda em várias pessoas, na Igreja e no mundo!

O trecho a seguir foi extraído do livro "Um Estudo das Regras de Fé", também chamado de "Regras de Fé", do Elder James E. Talmage, que serviu no Quorum dos Doze Apóstolos e foi um grande cientista.

“A palavra “teologia” é de origem grega; vem de Theos, que significa Deus, e logos, tratado, discurso, significando por derivação conhecimento comparado de Deus, ou a ciência que nos ensina sobre Deus; compreende também a relação que há entre Ele e suas criaturas. Esse termo é de uso antigo e pode-se atribuir origem pagã. A Teologia, segundo Platão e Aristóteles, é a doutrina da deidade e das coisas divinas.

Há que opine que o conhecimento teológico não é um tema que se preste a uma consideração analítica ou cientifica por parte do homem, e como um conceito verdadeiro de Deus, que é o tema central da teologia, deve necessariamente basear-se em revelação divina, não podemos receber esse conhecimento senão como é graciosamente nos é concedido. O querer levar a cabo uma investigação minuciosa sobre Ele, mediante os poderes falíveis da razão humana, seria o mesmo que aplicar aos atos de Deus, como padrão de medida, a totalmente inadequada sabedoria do homem. Há muitas verdades que estão além do alcance da simples razão humana e tem-se afirmado que os atos teológicos entram nesta categoria. Isto é certo, porém, só até onde se possa aplicar a mesma classificação a outras verdades, à parte as teológicas, na acepção limitada da expressão, porque toda verdade, sendo eterna, é superior à razão, no sentido de que se manifesta à razão mas não é um produto dela. Não obstante, as verdades devem ser analisadas e comparadas pelo exercício do raciocínio.

É impossível que o homem investigue minuciosamente, durante o curto lapso da existência mortal, parte considerável do extenso campo do conhecimento. Cabe, portanto, à sabedoria orientar nossos esforços para a investigação do campo que ofereça resultados de maior valor. Não obstante, quanto à sua possível aplicação, algumas verdades são de valor incomparavelmente maior que outras. O conhecimento dos princípios comerciais é essencial para o êxito do negociante; do marinheiro se exige que conheça as leis da navegação; ao agricultor é indispensável estar familiarizado com a relação que existe entra a terra e as colheitas; a compressão dos princípios da matemática é necessária ao engenheiro e ao astrônomo. Da mesma forma o conhecimento pessoal de Deus é essencial à salvação de toda alma humana que tenha atingido os poderes de julgamento e arbítrio. O valor do conhecimento teológico não deve, portanto, ser desprezado. Duvida-se que sua importância possa ser exagerada.

Os limites máximos da ciência, se é que ela tem limites, superam a capacidade de observação odo homem. A Teologia trata de Deus, o manancial de conhecimento, a fonte de sabedoria; das provas da existência de um Ser Supremo e de outras personalidades sobrenaturais; das condições sob as quais ou por meio das quais a revelação divina é concedida; dos eternos princípios que regem a criação dos mundos; das leis da natureza em suas múltiplas manifestações. A teologia é, principalmente, a ciência que trata de Deus e da religião; apresenta os fatos da verdade observada e revelada em ordem metódica e indica os meios de aplica-los aos deveres da vida. A teologia, pois, pretende-se a outros fatos além dos que são especificamente chamados espirituais; sua esfera é a da verdade.
(...)
Teologia e Religião, apesar de se relacionarem, não são idênticas. Pode-se estar bem versado em conhecimento teológico e, não obstante, carecer-se de um caráter religioso e quiçá moral. Se a teologia é uma teoria, a religião é uma pratica; se a teologia é o preceito, religião é o exemplo. Uma deve ser o complemento da outra. O conhecimento teológico deve fortalecer a fé e a pratica religiosa. Como aceita pelos Santos dos Últimos Dias, a teologia compreende o plano do Evangelho de Jesus Cristo em sua totalidade. Como ciência, compreende o conhecimento classificado e comparado que se refere à relação entre Deus e o homem, principalmente no que apela ao intelecto, enquanto a religião inclui a aplicação daquele conhecimento, ou crença genuína, ao curso individual da vida.”
(TALMAGE, James E., IJCSUD, 1950; "Introdução", pg. 13-15)

Agora há um importante alerta para todos nós, feito pelo Presidente Brigham Young:

“Eu (…) creio positivamente que nada podemos saber, a não ser por meio da revelação do Senhor Jesus Cristo, seja na teologia, na ciência ou na arte. (BRIGHAM, Young, Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young, IJSUD, 1997; pg. 41)

É por isso que ao ler e estudar as postagens deste blog você deve ter um conhecimento preliminar das escrituras e um testemunho de sua veracidade. Deve orar sempre e guardar os mandamentos para ser digno da revelação dos céus.

O Presidente Harold B. Lee também fez alertas:

“[Quando Lázaro morreu, o Salvador declarou a Marta:] “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá”. Então, olhou para Marta e indagou: “Crês tu isto?” Algo foi tocado no âmago dessa humilde mulher, e ela disse com a mesma convicção demonstrada por Pedro: “Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”. [João 11:25–27]

Onde ela havia aprendido isso? Não foi lendo livros, tampouco estudando teologia, ciência ou filosofia. Ela recebera um testemunho no coração, assim como acontecera com Pedro. Se o Mestre houvesse respondido, teria dito: “Bem-aventurada és tu, Marta, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus”. (…) A mais preciosa de todas as coisas que podemos ter é o testemunho no coração de que essas coisas são verdadeiras.” (LEE, Harold B., Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Harold B. Lee, IJSUD, 2001; pg. 39)

Ele também disse: “Um profeta não se torna um líder espiritual por estudar livros de religião nem por frequentar uma faculdade de teologia. (…) Um homem torna-se profeta ou líder religioso por meio de contatos espirituais reais. Assim, o verdadeiro líder espiritual recebe seu diploma diretamente de Deus” (Idem ao anterior, pg. 73)

Embora o estudo da Teologia (como ciência) seja menos importante que o estudo ou pratica da religião (como credo), profetas também falaram que seu estudo é pertinente. Observe um exemplo:

“Todo missionário deve esforçar-se para dedicar parte de cada dia ao estudo e reflexão fervorosa dos princípios do evangelho e da teologia da Igreja. Ele deve ler, refletir e orar. É verdade que nos opomos à preparação de uma série de sermões que sejam proferidos com o intuito de mostrar eloquência e boa oratória; mas quando um élder se levanta para dirigir-se a uma congregação em seu país ou no estrangeiro, ele deve estar cuidadosamente preparado para fazê-lo. Sua mente deve estar repleta de pensamentos que sejam dignos de ser proferidos, ouvidos e lembrados; então a inspiração o fará relembrar as verdades que os ouvintes estejam precisando ouvir, concedendo autoridade e poder a suas palavras.” (SMITH, Joseph F., Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith, IJSUD, 1998; pg. 82)

Assim, ao empenharmo-nos juntos no estudo da Teologia, que possamos dedicar-nos ao máximo a obra de Deus, para que Ele revele Seus mistérios.

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