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Somos filhos de Deus - o que isso significa?


TEXTO: Adriano de Jesus


Com o declínio dos padrões morais da sociedade, fica cada vez mais difícil compreender o papel de pai(s) e filho(s). Creio que a maioria das pessoas vê o pai como um educador, protetor, amigo, alguém que vai mostrar o caminho correto a ser trilhado.

E o filho é visto como alguém que precisa de orientação, cuidados diversos, amor e disciplina. Se é isto que temos em mente ao pensar na questão de pais e filhos, podemos concluir que o pai deva possuir suficiente conhecimento advindo de experiências passadas que o capacita a educar, proteger, advertir e assim por diante, do contrário, como poderia tal pai educar a menos que tivesse sido educado? Como poderia proteger a menos que conhecesse os perigos que a vida oferece? Como poderia ser amigo a menos que tivesse sentido a falta de um? E como poderia mostrar o caminho a menos que já o tivesse trilhado? O filho inexperiente, por sua vez, caso absorva as lições do pai, terá a experiência e capacidade necessárias para ensinar e conduzir seus próprios filhos. Em outras palavras, para sermos considerados bons pais, temos que antes ser bons filhos. Embora tenhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigem e a eles somos sujeitos, temos um Pai Celeste (Hebreus 12:9) cuja obra e glória é "levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem" (Moisés 1:39). Conhecer Seu caráter e personalidade nos ajudará a compreender nossa condição de "filhos de Deus" e o que isso significa. 


Deus, Um Homem Exaltado


O profeta Joseph Smith ensinou: "O próprio Deus foi como somos agora, e é um homem exaltado e está entronizado nos céus! Esse é o grande segredo. Se o véu fosse rasgado hoje e o grandioso Deus que mantém o mundo em sua órbita, que sustenta todos os mundos e todas as coisas com seu poder, Se tornasse visível - se vocês pudessem vê-Lo hoje, veriam que é semelhante ao homem na forma - como vocês em toda a pessoa, imagem e forma do homem; pois Adão foi criado à própria forma, imagem e semelhança de Deus e foi ensinado por Ele, caminhou e conversou com Ele, como um homem conversa e se comunica com outro" [1].


Lemos no livro de Gênesis: "Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal..." (Itálicos acrescidos pelo autor) [2].


Você já se perguntou em algum momento quem é este "um de nós" que conhecia o bem e o mal e a quem o nosso Pai Celeste se referiu ao deliberar sobre a queda de Adão? Obviamente, se considerarmos a própria posição de nosso Pai Celeste e algumas declarações de Seu Filho enquanto na mortalidade, tais como: "... porque meu Pai é maior do que eu..." (João 14:28), "não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus" (João 20:17), "sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" (Mateus 5:48), a conclusão será apenas uma: Ele referia-se a si mesmo.


Sim, nosso Pai Celeste passou por uma esfera semelhante a que estamos e compreendeu o bem e o mal e galgou os degraus de princípios puros e virtuosos que o colocaram na posição exaltada e glorificada em que está. Ele conhece o caminho porque já o trilhou antes e, sabe como nos conduzir de volta à sua presença em segurança. Confiemos Nele!



Podemos Contar Com Nosso Pai Celestial


Somos filhos de um Ser grandioso. Somos os filhos imperfeitos de um Pai perfeito. Ele nos ama, Ele nos quer perto d'Ele. Ele chora quando sofremos e fica feliz quando fazemos o que é certo. Sem dúvidas, podemos contar com nosso Pai Celestial.


Talvez cheguemos a pensar que por termos cometido algum erro ou pecado grave Ele não queira nos ouvir ou não nos ame mais, isso não é verdade! Lembre-se do que Cristo nos ensinou ao nos contar a parábola do filho pródigo.
Depois que o filho pródigo tornou em si, disse: "(...) Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti, já não sou digno se ser chamado teu filho, faz-me como um de teus jornaleiros.

E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de intima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.


E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.


Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado (...)" [3]


Ora, se um pai terreno tal como este da parábola pode ter tão pungente sentimento ao ver seu filho tornar ao lar, qual não será a alegria e compaixão de nosso Pai Celeste por seus filhos que tornarem em si e forem achados? Tenhamos certeza de que por sermos seus filhos e por Ele nos amar, os braços da misericórdia estarão nos aguardando caso nos desviemos do caminho estreito e apertado.



As Expectativas De Nosso Pai Celestial


O Presidente Dieter F. Uchtdorf ensinou que "nosso Pai Celestial criou o universo para que pudéssemos alcançar nosso potencial como seus filhos" [4].


O Élder D. Todd Christofferson ensinou que "nosso Pai Celestial é um Deus de grandes expectativas. Suas expectativas a nosso respeito foram expressas por Seu Filho, Jesus Cristo, com estas palavras: "Quisera que fôsseis perfeitos, assim como eu ou como o vosso Pai que está nos céus é perfeito (3 Néfi 12:48). Ele Se propõe a tornar-nos santos, para que possamos "suportar uma glória celestial" (D&C 88:22) e "habitar em Sua presença" (Moisés 6:57). Ele sabe o que é necessário e, por isso, a fim de tornar possível essa transformação, oferece-nos Seus mandamentos e convênios, o dom do Espírito Santo e, o mais importante, a Expiação e a Ressurreição de Seu Filho Amado.


Em tudo isso, o propósito de Deus é que nós, Seus filhos, sintamos a alegria suprema, estejamos com Ele eternamente e nos tornemos como Ele é" [5].


Ser filhos de Deus é algo de imensurável valor. Alcançamos verdadeiramente a condição de filhos de Deus quando alinhamos nossas expectativas com as d'Ele, aceitamos seus mandamentos e convênios, tomamos o Seu Santo Espírito como guia permitindo que os efeitos da Expiação de Cristo nos cubra de perfeito amor e esperança, sendo então possível que aguardemos ansiosamente pela gloriosa manhã da ressurreição que virá a todos os justos.


Todo pai e mãe justos, espera e trabalha para que seus filhos encorporem em suas vidas seus atributos, princípios e características mais nobres. Somos filhos de Deus, somos de nobre estirpe e, é nosso potencial e nosso privilégio, como seus filhos, nos tornarmos como Ele é, na plenitude do que isto implica.


O Presidente Boyd K. Packer nos mostra isso com uma experiência pessoal: "Chegando em casa anos atrás, meus filhos estavam esperando por mim na entrada da garagem. Haviam descoberto uma ninhada de pintinhos recém-saídos da casca no galpão, mas quando quiseram pegá-los foram repelidos pela galinha enfurecida. Por isso queriam que os ajudasse. Apanhei um punhado de pintinhos para meus filhos poderem ver e tocar.


Enquanto minha filhinha segurava um deles, comentei brincando: - Quando crescer, vai dar um ótimo cão de guarda, não acha? - Ela olhou-me zombeteiramente, como se estivesse falando bobagem. Então mudei minha abordagem: - Não vai ser um cão de guarda, não é? Sacudindo a cabecinha, ela concordou: - Não, papai. Ao que acrescentei: - Mas um bonito cavalo.


Franzindo o nariz, olhou para mim com aquele ar de "ora, papai!" Até mesmo uma garotinha de quatro anos sabe que um pinto não dará um cachorro, nem cavalo, nem mesmo um peru. Será uma galinha, seguindo o modelo de sua progenitura. Sabia disso sem ter feito um curso de genética, nem mesmo ter ouvido uma palestra ou uma aula" [6].



Conclusão



Podemos concluir com base nas escrituras e citações apresentadas que:


1. Deus, nosso Pai Celestial habitou numa terra como esta, conhece os perigos, desafios e tentações que enfrentamos, mas assim como Cristo, Ele "venceu o mundo" (Jo.16:33; comparar com Jo. 5:19). 2. Se somos filhos literais de Deus como as Escrituras amplamente demonstram (Deut. 14:1; Osé. 1:10; Mal. 2:10; Rom. 8:16; At. 17:29) devemos pois nos sujeitar à Ele (Heb. 12:9). 3. Temos o potencial de nos tornarmos como nosso Pai Celestial, pois a escritura diz: "Vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo" (Salm. 82:6; comparar com Jo. 10:34-36). Não há como guardar o mandamento de sermos "perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" (Mat. 5:48; 3 Né. 12:48) se não nos tornarmos como Ele.



______________


Notas


[1] Ensinamentos dos Presidentes da Igreja - Joseph Smith, Capitulo 2: "Deus, o Pai Eterno"


[2] Gênesis 3:22


[3] Lucas 15:11-24


[4] "Você É Importante para Deus" - Presidente Dieter F. Uchtdorf - Conferência Geral - Outubro de 2011


[5] "Eu Repreendo e Castigo a Todos Quantos Amo" - Élder D. Todd Christofferson - Conferência Geral - Abril de 2011


[6] "The Pattern of Our Parentage" (O Modelo de Nossa Progenitura) - Boyd K. Packer - Conferência Geral - Outubro de 1984

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