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Equilíbrio na História da Igreja



Este artigo foi originalmente publicado na Revista A Liahona de Junho de 2013. Para acessar o artigo original clique aqui.


Élder Steven E. Snow
Historiador da Igreja e Membro dos Setenta


A maioria esmagadora das evidências históricas da Igreja é positiva e edificante. Em seu contexto completo, a história da Igreja é absolutamente inspiradora.

Gosto de ler relatos históricos dos primeiros membros da Igreja que deixaram para trás seu lar e, com muito sacrifício, uniram-se aos santos. Acho suas histórias tocantes e me fortaleço muito ao aprender sobre o que eles sofreram para viver e demonstrar sua fé, seguindo os profetas e fazendo coisas difíceis. Quando lemos sobre as provações pelas quaiseles passaram, de alguma forma nossa situação na vida parece bem menos difícil.

Adoro a história da Igreja. Recentemente, eu a tenho lido mais do que nunca, e me sinto fascinado e edificado. É absolutamente surpreendente, por exemplo, o que os primeiros missionários realizaram, sem nenhum outro recurso além de uma fé ardorosa e um testemunho que os levou a fazer coisas notáveis. Esses exemplos me ajudam a entender que posso fazer coisas difíceis caso continue a cultivar minha fé e meu testemunho. Meu testemunho é continuamente fortalecido quando vejo o que aconteceu com esta grande obra à medida que ela se desenrolou.


Ver o Passado no Presente

A história é uma ótima maneira de nos inspirarmos em nossa preparação espiritual. Na história de nossa Igreja, podemos ver pessoas que se prepararam espiritualmente e venceram, e outras que se afastaram por não estar espiritualmente preparadas para o que viria a acontecer. Podemos aprender que a dedicação ao evangelho, a oração e o testemunho podem nos ajudar a fazer coisas grandiosas e que temos de dedicar tempo para desenvolver nosso lado espiritual ou sofreremos as consequências.

As pessoas de nossa história eram pessoas normais como nós, mas muitas delas fizeram coisas extraordinárias. Embora todas elas buscassem a perfeição, não eram perfeitas. Aqueles membros dos primórdios da Igreja tinham dificuldades e se debatiam com problemas tal como acontece conosco nos dias de hoje. Mas me fortaleço ao saber que esses desafios e essa busca de perfeição existem há muito tempo.

Certamente o mundo mudou nas últimas gerações. A Internet pôs a nosso alcance informações de toda espécie — boas, ruins, verdadeiras, falsas — inclusive informações sobre a história da Igreja. É possível ler muito sobre nossa história, mas é importante que seja lida e compreendida em seu contexto. A dificuldade com algumas informações online é que estão fora de contexto e carecem da visão do todo.

As informações que tentam constranger a Igreja costumam ser muito subjetivas e injustas. Devemos procurar fontes que descrevam de modo mais objetivo nossas crenças e nossa história. Alguns sites são mal-intencionados e podem ser sensacionalistas na maneira de apresentar as informações. Procure fontes com historiadores reconhecidos e respeitados, sejam eles membros da Igreja ou não.

Alguns jovens ficam surpresos e chocados com materiais antimórmons na Internet porque não se fortaleceram contra eles. Talvez não tenham dedicado tempo suficiente ao lado espiritual para preparar-se e fortalecer-se para o que pode vir. Quando surgirem experiências difíceis na vida, é importante que eles façam as coisas básicas de que sempre falamos: continuar a estudar as escrituras e fazer orações significativas ao Pai Celestial. Essas coisas básicas preparam as pessoas para todos os tipos de adversidade, inclusive artigos antimórmons que encontrarão online.


A Necessidade de Equilíbrio

Como tudo na vida, é preciso abordar a história da Igreja com equilíbrio. A Igreja verdadeira sempre foi minoritária e sempre fomos alvo de críticas. Sempre enfrentaremos adversidades e é melhor nos acostumarmos a isso. A melhor maneira de lidar com isso é certificarmo-nos de ser dignos pessoalmente e de ter um testemunho forte. Se você despender seu tempo em sites que criticam a Igreja e a história dela, mas não despender tempo com as escrituras, vai ficar em desequilíbrio, e essas críticas podem ter um efeito indevidamente forte sobre você. Se você estivesse em perfeito equilíbrio, isso não aconteceria.

Em minha própria adolescência, eu não compreendia completamente a importância do desenvolvimento espiritual. Talvez eu estivesse mais interessado em me tornar um bom jogador de futebol do que um estudioso do Livro de Mórmon. Foi só ao chegar ao campo missionário que, como muitos rapazes, passei por essa transformação e compreendi o que é a verdadeira felicidade. É a alegria e a paz que advêm de servir ao Senhor, de estudar e orar, de amar e ajudar os outros. Constato que, quando ignoro esses aspectos de minha vida, as coisas não vão tão bem quanto deveriam. Se faço essas coisas, tudo parece um pouco mais equilibrado.

Ao manter minha vida em equilíbrio, posso olhar a história de modo objetivo e compreender que, embora nossos antepassados em sua maioria fossem dignos de admiração, eram humanos e passíveis de erros. Há episódios tristes ou confusos em nossa história que procuramos entender melhor, mas algumas dessas perguntas talvez não possam ser respondidas deste lado do véu. Mas tudo bem.

Se um amigo me fizesse uma pergunta honesta sobre uma questão controversa da história da Igreja, eu me desdobraria para responder. E se eu percebesse que ele estava dedicando muito tempo a esses aspectos, as primeiras perguntas que eu faria seriam: “Você está lendo o Livro de Mórmon? Está orando? Está mantendo sua vida em equilíbrio, a fim de proteger-se contra as tempestades da vida?”

A maioria esmagadora das evidências históricas da Igreja é positiva e edificante. Se você optar por despender boa parte de seu tempo estudando apenas os capítulos polêmicos de nossa história, enxergará alguns fios, mas não conseguirá ver a tapeçaria completa. E é preciso entender nossa história como um todo. Em seu devido contexto, ela é absolutamente inspiradora.

Joseph Smith, por exemplo, foi uma pessoa notável. Ele era perfeito? Não. Somos todos mortais. Mas ao lermos o Livro de Mórmon e as revelações de Doutrina e Convênios e vermos o que ele fez pela restauração da Igreja, num período tão curto, podemos adquirir um forte testemunho. Todos os profetas têm desafios e dificuldades, e não é de estranhar que Joseph Smith tenha enfrentado adversidades e ofendido algumas pessoas. Mas ele claramente foi um profeta de Deus.


Nenhum Tempo Como o Presente

Não consigo imaginar um tempo melhor para ser membro da Igreja do que o atual. Quando minha esposa e eu nos casamos, havia 13 templos da Igreja no mundo inteiro, e tínhamos a meta de visitar cada um deles. Hoje há cerca de 140 templos, e nunca poderemos visitá-los todos. Todos esses frutos da Restauração — profetas e apóstolos, templos, o sacerdócio, o Livro de Mórmon, as revelações — são uma grande bênção em nossa vida. E tudo isso foi proporcionado pelo Salvador, por Seu evangelho e pelo plano de nosso Pai.

Posso ser um homem simples em muitos aspectos, mas tenho inteligência suficiente para saber que meu Pai Celestial me ama. Ele ama todos nós. Somos de fato Seus filhos. Ele realmente deseja que voltemos à presença Dele. Não precisamos ser teleguiados por Ele em cada detalhe de nossa vida. Isso faz parte de nosso processo de crescimento. Ele deseja que aprendamos e exerçamos o arbítrio e lidemos com as adversidades. Mas consigo verdadeiramente ver Sua mão em minha vida e na de minha família. E sou grato por termos esta experiência mortal, pois amo a vida. Muitas coisas dão errado, mas há inúmeras coisas excelentes na vida, e sou grato por termos, como seres espirituais, a chance de vir à Terra, de ganhar um corpo e de aprender coisas que vão nos ajudar ao longo da eternidade.

A história abençoa nossa vida porque nos dá a oportunidade de olhar para trás. Às vezes, é difícil fazer um retrospecto de nossa própria vida, mas por meio da história podemos fazer um retrospecto da vida de outras pessoas e aprender coisas que as abençoaram. E podemos ajudar a nós mesmos a evitar erros fazendo as coisas que abençoaram nossos antepassados.


Responder a Perguntas

O que responder a amigos que dizem que partes de nossa história, como anjos e placas de ouro enterradas, são difíceis de acreditar?

Se nossa história está fora do que as pessoas consideram plausível, é normal que fiquem céticas. Poderíamos simplesmente dizer que isso é condizente com outros acontecimentos milagrosos na interação de Deus com o homem ao longo da história e prestar nosso testemunho para eles e pedir que estudem por eles mesmos. Depois os convidaríamos a refletir a respeito e orar ao Pai Celestial, “com um coração sincero e com real intenção, tendo fé em Cristo” (Morôni 10:4).

Se eles estiverem dispostos a realizar essa “experiência”, a “[exercer] uma partícula de fé” (Alma 32:27) e perguntar a Deus, o Espírito Santo lhes revelará a verdade.

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