Eva ("vida" em hebraico) foi a primeira mulher da raça humana e se distingue como uma das mais valentes e nobres filhas de Deus. Suas escolhas pre-mortais a qualificaram para tornar-se a mãe de todos os povos, inclusive mãe do Senhor Jesus Cristo.
Muitas pessoas atacam Eva, condenando-a como tola ao comer do fruto proibido e dá-lo a seu marido, Adão. Segundo essas pessoas, Eva não considerara a miséria e tristeza que a Queda traria. Entretanto, este não é o ponto. Eva certamente considerou que sua escolha traria desafios, mas sem comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal ela não poderia cumprir o primeiro mandamento: multiplicar e encher a Terra.
O Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos ensinou: “Ao primeiro homem e à primeira mulher colocados nesta Terra, o Senhor disse: ‘Frutificai e multiplicai-vos’ (Moisés 2:28; ver também Gênesis 1:28; Abraão 4:28). Esse mandamento foi o primeiro na sequência e o primeiro em importância. Era essencial que os filhos espirituais de Deus tivessem um nascimento mortal e a oportunidade de progredir para a vida eterna” (“O Grande Plano de Felicidade”, A Liahona, janeiro de 1994, p. 78).
Se Adão e Eva não tivessem partilhado do fruto, não teriam tido a oportunidade de ter filhos na mortalidade. Portanto, não teríamos podido vir à Terra para receber um corpo físico, ser testados e preparar-nos para a vida eterna — frustrando o Plano de Salvação.
O Presidente Joseph Fielding Smith resumiu a escolha apresentada a Adão e Eva no Jardim do Éden:
“O Senhor disse a Adão: Aqui está a árvore do conhecimento do bem e do mal. Se quiser continuar aqui, você não pode comer desse fruto. Se quiser permanecer aqui, eu o proíbo de comê-lo. Mas você pode agir por si mesmo e pode comê-lo se quiser. E se comê-lo, você morrerá” (“Fall—Atonement—Resurrection—Sacrament”, discurso proferido no Instituto de Religião SUD, Salt Lake City, Utah, 14 de janeiro de 1961).
O Senhor declarou: “Podes escolher segundo tua vontade” (Moisés 3:17), indicando que a Queda teria que ocorrer como resultado de uma escolha humana.
O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou:
“Eloim [nosso Pai Celestial] sem dúvida não poderia obrigar pessoas inocentes a sair do jardim e ainda ser um Deus justo. (…) Adão e Eva — e nós — consciente e amorosamente absolvemos Deus da responsabilidade pelos ‘espinhos e cardos’ de um mundo decaído que foi pessoalmente escolhido por nós, e não que nos foi imposto por capricho” (Christ and the New Covenant: The Messianic Message of the Book of Mormon, 1997, pp. 203, 204).
O Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, também explicou:
“Por razões ainda não reveladas, essa transição, ou ‘queda’, não poderia ocorrer sem que houvesse uma transgressão: um exercício do arbítrio moral que constituísse uma violação deliberada de uma lei (ver Moisés 6:59). Seria uma ofensa planejada, uma formalidade que serviria a um propósito eterno. (…)
Foi Eva quem primeiro transgrediu os limites do Éden a fim de iniciar as condições da mortalidade. Seu ato, independentemente de sua natureza, foi formalmente uma transgressão, mas eternamente uma necessidade gloriosa para abrir o caminho que leva à vida eterna. Adão demonstrou sua sabedoria ao fazer o mesmo. E então Adão e Eva caíram ‘para que os homens existissem’ (2 Néfi 2:25).
Alguns cristãos condenam Eva por seu ato, concluindo que ela e suas filhas são de certa forma maculadas por causa disso. Os santos dos últimos dias não a condenam! Instruídos por revelação, celebramos a ação de Eva e honramos sua sabedoria e coragem no grande episódio conhecido como a Queda (ver Bruce R. McConkie, “Eve and the Fall”, Woman, Salt Lake City: Deseret Book Co., 1979, pp. 67–68).
Joseph Smith ensinou que não foi um ‘pecado’, pois Deus o decretara (ver The Words of Joseph Smith, comp. Andrew F. Ehat e Lyndon W. Cook, Provo, Utah: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young, 1980, p. 63).
Brigham Young declarou, ‘Jamais devemos culpar a mãe Eva, por pouco que seja’ (Journal of Discourses, vol. XIII, p. 145).
O Élder Joseph Fielding Smith disse: ‘Nunca classifico como pecado a parte que Eva teve na queda, tampouco acuso Adão de haver pecado. (…) Isso foi uma transgressão da lei, mas não um pecado (…), pois era algo que Adão e Eva tinham que fazer!’ (Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, comp. Bruce R. McConkie, 3 vols., 1954–1956, vol. I, pp. 123–124)” (“O Grande Plano de Felicidade”, A Liahona, janeiro de 1994, p. 78).
Com essas declarações em mente não é possível pensar em Eva como uma pessoa tola, egoísta ou mal intencionada - mas, extramente ao contrário: Eva era sábia, altruísta e muito bem intencionada. Louvemos nossa mãe Eva por suas escolhas que possibilitaram que viéssemos a mortalidade, ganhássemos um corpo, fossemos testados e retornássemos a presença de Deus.
Além da Queda, Eva demostrou a vida inteira ser um nobre mulher - e uma grande mãe. Embora tenhamos poucas escrituras que falem dela após a Queda podemos listar o seguinte:
- Eva foi uma fiel companheira de Adão. Ela ficou ao lado dele na expulsão do Jardim, e na introdução ao mundo solitário e triste. Certamente precisou confortar Adão muitas e muitas vezes, precisou incentivá-lo e lembrá-lo dos ensinamentos do Éden. Eva se ajoelha com Adão e orava (Moisés 5:4). Ela participava os ritos e sacrifícios de animais com o marido (Moisés 5:5).
- Eva se regozijava nas bênçãos do Evangelho Eterno (Moisés 5:11). Certamente ela foi batizada, recebeu o dom do Espírito Santo e sua investidura completa. Ela era tão fiel e grande quando seu esposo.
- Já pensaram no desconforto, tristeza e medo que devem ter abatido Eva várias e várias vezes após ser expulsa do Jardim? Ela não tinha nada, exceto as lembranças, ensinamentos e convênios que recebera no Jardim - e seu marido. Claro que são bênçãos maravilhosas. Ela continuou digna e recebeu ministração de anjos e ouviu a voz de Deus vindo Jardim (Moisés 5:4). Porém, ela estava expulsa da presença de Deus - e seu teste mortal era muito parecido com o nosso. Ela não tinha mãe mortal, irmã ou parentes para ajudá-la quando ficou grávida ou quando seus filhinhos começaram a crescer. Havia perigos visíveis e invisíveis. Todos os maléficos demônios focaram seus esforços em destruí-la e destruir sua família nova (Moisés 5:13). Ela precisou aprender a obter e preparar alimento e precisou aprender a fazer roupas para sua família. Ela precisou admoestar sua posteridade. Alguns de seus filhos começaram a pecar. As escrituras dizem que quando isso aconteceu Adão e Eva "não cessaram de clamar a Deus" (Moisés 5:15). Mas infelizmente alguns continuaram se rebelando. Eva viveu para ver seu filho Caim assassinar seu irmão Abel. Imagine a tristeza e profunda angustia que sentiu. E pior que ver essa tragédia familiar foi saber que seu amado filho se torara Perdição - sem esperança alguma de Salvação.
- Depois de longos anos, a profetiza Eva deixou a mortalidade - seguindo o caminho que ela abrira para toda sua posteridade. Porém, ela estava no mundo dos espíritos aguardando a vinda de Cristo. Na revelação atual lemos: "Entre os grandes e poderosos que estavam reunidos nesta vasta congregação de justos encontrava-se (...) nossa gloriosa Mãe Eva, com muitas de suas filhas fiéis que viveram através das eras e adoraram o Deus verdadeiro e vivo" (D&C 138:38-39)
Para concluir as palavras do Presidente Henry B. Eyring, ditas às mulheres da Igreja, são pertinentes: "Pensem em Eva, a mãe de todos os viventes. O ÉlderRussell M. Nelson disse o seguinte a respeito de Eva: “Nós, bem como toda a humanidade, somos abençoados para sempre por causa da grande coragem e sabedoria de Eva. Ao partilhar do fruto em primeiro lugar, ela fez o que deveria ser feito. Adão foi sábio ao agir de maneira semelhante” (Russell M. Nelson, “Constância na Mudança”, A Liahona, janeiro de 1994, p. 35.)
Toda filha de Eva tem o potencial de proporcionar a sua família a mesma bênção que Eva proporcionou à dela. Ela foi tão importante no estabelecimento das famílias que temos este relato de sua criação: “E os Deuses disseram: Façamos uma adjutora adequada para o homem, porque não é bom que o homem esteja só; portanto formaremos uma adjutora adequada para ele”.(Abraão 5:14).
Não conhecemos toda a ajuda que Eva prestou a Adão e sua família. Mas conhecemos a grande dádiva que ela concedeu, e que cada uma de vocês também pode conceder: ela ajudou sua família a ver o caminho de volta para casa, quando ele parecia difícil. “E Eva, sua mulher, ouviu todas essas coisas e alegrou-se, dizendo: Se não fosse por nossa transgressão, jamais teríamos tido semente e jamais teríamos conhecido o bem e o mal e a alegria de nossa redenção e a vida eterna que Deus concede a todos os obedientes.” (Moisés 5:11)
Vocês têm o exemplo dela para seguir.
Por revelação, Eva reconheceu o caminho de volta à presença de Deus. Ela sabia que a Expiação de Jesus Cristo tornou possível a vida eterna em família. Ela estava segura, como vocês podem estar, de que, ao cumprir seus convênios feitos com o Pai Celestial, o Redentor e o Espírito Santo cuidariam para que ela e sua família conseguissem suportar quaisquer sofrimentos e desapontamentos que surgissem. Ela sabia que podia confiar Neles.
“Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.” (Provérbios 3:5–6)
Sei que Eva enfrentou tristezas e desilusões, mas também sei que ela encontrou alegria no conhecimento de que sua família poderia voltar a viver com Deus. Sei que muitas de vocês hoje enfrentam tristezas e decepções. Deixo com vocês minha bênção de que, tal como Eva, possam sentir a mesma alegria que ela sentiu ao fazerem sua jornada de volta para casa." ("Filhas do Convênio", A Liahona Maio de 2014)
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