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Comunismo e Evangelho de Jesus Cristo

Este artigo não pretende explorar de modo demasiado a teoria econômica decorrente das ideias de Karl Marx. Nem mesmo pretende comparar exaustivamente a doutrina do Evangelho - especialmente no que tange a Lei da Consagração - com a filosofia marxista. Entretanto, este artigo debaterá se as ideias de Marx são ou não compatíveis com os ensinamentos do Evangelho Restaurado de Jesus Cristo.
Assim nos lançaremos na discussão procurando compreender suficientemente bem quem foi Karl Marx, qual sua filosofia e que influencia suas ideias tiveram (e tem) no mundo. Em paralelo apresentaremos a doutrina da Lei da Consagração e seu modus operandi na dispensação passada e na atual (conhecida como Ordem Unida). Por derradeiro compararemos o evangelho e a doutrina comunista de Marx - procurando pontos em comum e diferenças.
Como todos os artigos deste site, este não é uma obra acadêmica e por isso buscou-se o máximo de didática e simplificação.

QUEM FOI KARL MARX?
Karl Marx nasceu em 1818 em Trier, Prússia. Seus pais haviam sido convertidos ao luteranismo em resposta às leis antijudaicas. Ele, porém, era profundamente anti-religioso desde a mocidade. Estou Direito na universidade de Bonn (seguindo os passos do pai, que era advogado), mas preferiu a filosofia, em que se doutorou na Universidade de Jena. Em 1842 mudou-se para Colônia e passou a trabalhar como jornalista. Devido a seu radicalismo político e econômico, seus escritos foram censurados e ele precisou fugir com a mulher, Jenny von Westphalen, para Paris. Em 1843 conheceu Friedrich Engels, que se tornaria seu grande amigo e colaborador. Em 1845, Marx e Engels foram exilados - e em Bruxelas escreveram o Manifesto Comunista (1848). Marx então voltou para Alemanha, mas quando as revoluções foram sufocadas retirou-se para Londres, onde passou o resto da vida. Em 1867 foi lançado o primeiro volume de "o capital" - e postumamente, mais dois volumes foram acrescidos. Marx morreu em 1883 - ele e a esposa, que tinham a saúde bem fraca, viviam na favela e Soho em extrema porbreza (embora Engels constantemente enviasse auxilo financeiro). Quando Marx morreu apátrida aos 64 anos, apenas onze pessoas o velaram em seu funeral. [1]

A INFLUÊNCIA DE KARL MARX?
"Apesar das críticas e crises que as teorias de Max provocaram, suas ideias foram muito influentes. Como crítico poderoso do capitalismo comercial e como teórico econômico socialista, Marx ainda hoje é considerado relevante para a política e a economia. Muitos concordam com o filósofo russo-britânico do século XX Isaiah Berlin, que o Manifesto Comunista é "uma obra de gênio". [2]
"Desde que dois jovens filósofos alemães - Kalr Marx e Friedrich Engels - aceitaram a incumbência para elaboração do manifesto da Liga dos Comunistas em 1847, este panfleto politico [Manifesto do Partido Comunista], escrito a mais de um século e meio passou a ser o espectro que ronda a humanidade, separando os que estão à sua esquerda dos que estão à sua direita." [3]
"É difícil exagerar a influência de Marx. Sua obra levou a novas escolas de pensamento nos campos de economia, teoria política, história, estudos culturais, antropologia e filosofia, só para citar alguns O apelo das ideias marxistas vem de sua ampla interpretação no mundo e de sua mensagem de transformação e libertação." [4]

COMUNISMO
Antes de definir comunismo, conforme Marx e seu colega Engels explicaram, é preciso tentar enxergar o mundo como eles enxergavam. Marx percebeu que o crescimento do capitalismo industrial afetava as condições de vida e a saúde moral da sociedade. A burguesia (classe detentora dos meios de produção, e, portanto, do capital ou dinheiro) controlava o comércio e não tinha nenhum interesse sincero pelas pessoas, dizia Marx, exceto na capacidade que elas tinham de gerar lucro. Todos os valores morais, religiosos e sentimentais haviam sido esquecidos devido a vontade de mais e mais dinheiro.
Marx acreditava que todo problema da humanidade, ao longo da História, podia ser resumido na luta de classes: antigos mestres contra escravos, lordes medievais contra servos, patrões contra empregados, burguesia contra proletariado (classe trabalhadora). As revoluções, dizia Marx, eram resultado direto do conflito entre classe social alta e a classe social baixa.
Marx escreveu, com seu colega Engels, o Manifesto Comunista, em 1850 - 20 anos após a restauração do Evangelho. Esse texto mudaria o mundo. Nele Marx pretendia não apenas interpretar o mundo - mas mudá-lo. E o faria através do comunismo.
Marx acreditava que o trabalho tinha o potencial de ser uma das maiores fontes de satisfação. Porém, o capitalismo tirava toda recompensa laboral: os donos dos recursos produtivos - fábricas e maquinas - exploravam os trabalhadores - que tinham apenas a força de trabalho. Isso resultava em lucro e conforto a classe dominante - e alienação e insatisfação para a classe dominada. Alienação é um conceito importante na teoria de Marx. Parte de seu significado indica que os bens gerados pelo trabalho do proletariado não poderão ser mantidos ou desfrutados pelos mesmos. Por exemplo: um trabalhador de uma fábrica de tecidos não será dono da peça de roupa - ela pertencerá ao dono da fábrica.
Outro ponto de alienação, gerada pelo capitalismo, segundo Marx, era o esmagamento da criatividade e a obrigação de se trabalhar onde não se é feliz.
Neste ponto é importante salientar que Marx não é abomina completamente o capitalismo. Ele via o capitalismo como etapa necessária ao progresso econômico, que substituiu o feudalismo e o mercantilismo. Ele reconhecia que o capitalismo havia impulsionado a inovação tecnológica. Mas para ele o capitalismo era uma etapa transitória, para um sistema mais perfeito. O capitalismo tornara a luta de classes terrivelmente maior e mais complexa. A miséria crescente e as crises financeiras - e todos os problemas sociais que essas coisas produzem - eram as maldições mais pungentes do capitalismo.
Outro ponto muito importante da teoria de Marx é a superestrutura. Ele acreditava que a superestrutura (a política, o direito, a arte, a filosofia - e mesmo a religião) desenvolvia-se sobre um fundamento ou uma estrutura econômica orquestrada pelo o interesse da classe dominante. Na realidade a classe dominante não promove diretamente as mudanças na sociedade - mas a luta oriunda das relações sociais sim.
Com esse pensamento não é difícil verificar que Marx era contra a religião. Ele mesmo era ateu assumido. Marx acreditava que a religião era necessária para que as pessoas alienadas sentissem mais conforto - e esperança - nas injustiças que sofriam diariamente. 
Marx previa que o capitalismo levaria a uma eminente revolução da classe mais pobre - o proletariado. Essa poderia ser a ocasião perfeita para uma reforma estrutural - na qual uma sociedade sem divisão de classes imergiria. Para isso seria necessário acabar com a propriedade privada - que era o verdadeiro câncer da humanidade.
A sociedade perfeita, segundo Marx, não precisava de governo - apenas uma administração. Para Marx "o partido comunista lideraria a revolução e cuidaria para estabelecer o verdadeiro comunismo: propriedade comum para todos! Assim, a verdadeira democracia seria estabelecida. Então não haveria mais poder politico - todos seriam iguais. A criminalidade também não existiria. 
Comunismo e socialismo não são a mesma coisa. Às vezes, porém, são sinônimos. O mais correto, no entanto, é diferenciar os conceitos. O socialismo é uma etapa para se chegar ao comunismo. Por meio do socialismo a sociedade seria organizada de forma diferente, destruindo as classes sociais e extinguindo o Estado opressor. O comunismo pretende uma transição brusca e muitas vezes conflituosa.

COMUNISMO NA PRÁTICA
Os efeitos das ideias de Marx levaram as revoluções da Russia e China - e de vários outros países. Entretanto na pratica o comunismo nunca funcionou como Marx desejara.
"Marx não viveu para ver surgir Estados comunistas como União Soviética e a República Popular da China, e ele não poderia ter previsto a real ineficiência dessas economias planificadas. Hoje sobrevive só um punhado de economias comunistas planificadas (Cuba, China, Laos, Vietnã e Coreia do Norte). Corre uma debate sobre o grau de comunismo "marxista" tiveram estes Estados sob a liderança de Stálin e Mao, mas a derrocada do comunismo no bloco oriental e a liberalização da economia chinesa foram vistas por muitos economistas como prova de que a teoria de Marx estava errada."[5]
Depois da Segunda Grande Guerra, a Europa Ocidental aprimorou uma "terceira via" entre comunismo e capitalismo. Muitos Estados europeus funcionam como uma economia mista - agregando elementos da teoria capitalista e da teoria comunista. 
Há vários pensadores modernos que levam a sério as ideias de Marx - seja para refutá-las, seja para procurar uma nova aplicação a seus conceitos e princípios. Os partidos de esquerda de baseiam em maior ou menor grau no texto do Manifesto - e extraem de lá ideias-chave para seus posicionamentos. Isso não significa que toda pessoa de esquerda seja comunista, mas que ao menos acredita em alguns pontos do que apregoou Karl Marx, como uma mudança na atual forma de obtenção da mais-valia (expressão que significa o valor da força de trabalho dispendida por um determinado trabalhador na produção, mas que não lhe é remunerado pelo patrão).

LEI DA CONSAGRAÇÃO E A ORDEM UNIDA
Agora vamos pausar toda essa informação da teoria econômica de Marx, e falar de um assunto doutrinário de vital importância: A Lei da Consagração. 
"A lei de consagração é um princípio divino pelo qual os homens e mulheres dedicam voluntariamente seu tempo, talentos e bens materiais para o estabelecimento e edificação do reino de Deus." [6]
Essa Lei é a Suprema e mais Importante Lei de Deus. De fato, os membros da Igreja acreditam que vida eterna é desfrutar de "tudo que o Pai possui" - e neste sentido, entra para Vida Eterna quem esta preparado para viver a Lei da Consagração.
Algumas sociedades tiveram sucesso em viver a Lei da Consagração:
  • A Sião de Enoque: "E o Senhor chamou seu povo Sião, porque eram unos de coração e vontade e viviam em retidão; e não havia pobres entre eles." (Moisés 7:18)
  • A Sião nefita: "E tinham todas as coisas em comum; portanto, nãohavia ricos nem pobres nem escravos nem livres, mas eram todos livres e participantes do dom celestial." (4 Néfi 1:3)
  • A Igreja sob a direção de Pedro: "E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum." (Atos 2:44)
Não obstante, Deus trabalha com os homens segundo a capacidade e fé que possuem. A Sião de Enoque "fugiu", sendo arrebatada para o seio de Deus (D&C 38:4;Mois. 7:18–21, 69), mas as outra duas sociedades que tentaram viver a Lei da Consagração acabaram decaindo. Entre os nefitas ela durou 200 anos - e entre os discípulos da Palestina cerca de 100 anos. 
Em nossa época Deus, ao restaurar o Evangelho, revelou a Lei da Consagração, que deveria ser aplicada por meio da "Firma Unida" ou "Ordem Unida", que é a "organização através da qual os santos, no início da Igreja restaurada, procuravam viver a lei da consagração. Os membros compartilhavam as propriedades, os bens e os lucros e recebiam de acordo com suas carências e necessidades (D&C 51:378:1–15;104)." [7]
Em março de 1832, o Senhor revelou que é preciso que haja uma organização para regular e administrar a lei da consagração no meio de Seu povo. (D&C 78:3) Ele deu a essa organização o nome de “ordem unida”. (D&C 92:1) Em revelações posteriores, o Senhor deu mais informações quanto à ordem unida. (Ver, por exemplo, D&C 104)
Propósitos da Ordem Unida [8]:
  1. D&C 42:30 (Cuidar dos pobres e necessitados)
  2. D&C 42:35 (Comprar terras, construir casas de adoração e construir a Nova Jerusalém)
  3. D&C 42:40 (Ajudar o povo do Senhor a vencer o orgulho)
  4. D&C 42:42 (Ajudar o povo do Senhor a ser trabalhador e abster-se da ociosidade) e D&C 51:9. (Ajudar o povo do Senhor a ser unido)
  5. D&C 78:3–7 (Fazer com que, entre o povo do Senhor, haja igualdade de bens terrenos e ajudá-lo a ganhar um lugar no reino celestial)
  6. D&C 78:14 (Ajudar a Igreja a “permanecer independente, acima de todas as outras criaturas”)
  7. D&C 82:17–19 (Ajudar o povo do Senhor a aprimorar os talentos para beneficiar a todos, favorecer os interesses do próximo e fazer todas as coisas com os olhos fitos na glória de Deus)
"A lei da consagração determinava que os membros da Igreja deviam consagrar, ou doar, todas as suas propriedades, tanto imóveis quanto artigos de uso pessoal, ao bispo da igreja. Ele então concederia uma “herança”, ou mordomia, à pessoa dentre as propriedades recebidas. O tamanho da mordomia dependia da situação, necessidade e condições da família, conforme determinado conjuntamente pelo bispo e o mordomo em perspectiva. (Ver D&C 42:32–33; 51:3.) A família então administrava essa mordomia da melhor maneira possível. Se fossem trabalhadores e bem-Sucedidos, no final do ano teriam um ganho líquido chamado excedente (lucro). Todo o excedente restante além das necessidades da família devia ser devolvido ao armazém e utilizado pelo bispo para ser dado “aos pobres e necessitados”. (D&C 42:34) A lei da consagração visava a igualdade econômica relativa e eliminação da ganância e da pobreza." [9]
Quando os santos - membros da Igreja - foram para o Oeste, Brigham Young e os demais líderes desejaram implantar a Ordem Unida.
"A primeira cooperativa dos santos dos últimos dias foi fundada em 1864, em Brigham City, sob a direção do Élder Lorenzo Snow, do Quórum dos Doze Apóstolos, e foi tão bem-sucedida que se tornou modelo para as cooperativas da Igreja criadas posteriormente naquela década. O Élder Snow havia sido enviado em 1854 por Brigham Young para supervisionar os santos de Box Elder, que foi renomeada Brigham Young em 1864. No outono daquele mesmo ano, o Presidente Young e o Élder Snow tiveram uma longa conversa a respeito da implementação dos princípios da ordem unida em Brigham City. O Presidente Young tinha estado ansioso para aplicar os princípios da lei da consagração ensinados em Doutrina e Convênios, e naquele momento em que a auto-suficiência estava sendo incentivada, Brigham City parecia o local ideal para iniciar esse projeto. Em 1875, o Élder Snow explicou em uma carta enviada ao President Young que seu principal objetivo para a cooperativa era “unir os sentimentos do povo por meio da cooperação de interesses e meios a fim de torná-lo auto-suficiente, de acordo com o espírito de seus ensinamentos e permitir que se torne independente das lojas dos gentios (...)
"[Brigham Young disse que o] sistema de cooperativa era apenas “um passo inicial para algo maior e mais perfeito”, e a ordem superior “que existiu no céu será colocada em prática e desfrutada por todos os homens na Terra”. Brigham Young abordou o mesmo tema em [outro] discurso [durante a] conferência, e por vários meses as Autoridades Gerais transmitiram mensagens aos santos preparando-os para o estabelecimento da ordem unida.
Vários fatores contribuíram para o estabelecimento da ordem unida em 1874. Brigham Young e outras Autoridades Gerais da Igreja que haviam estado próximos do Profeta Joseph Smith procuraram iniciar uma reforma entre os santos e o restabelecimento dos princípios e práticas da lei da consagração. Quando os Estados Unidos foram atingidos pela depressão de 1873, os santos descobriram que apesar de seus esforços para manter a independência financeira, sua economia era claramente afetada pelo ritmo econômico da nação. Por esse motivo, os líderes da Igreja começaram a estabelecer ordens de Enoque a fim de amenizar os efeitos de futuros ciclos econômicos sobre os santos dos últimos dias. Além disso, a vida provinciana do sul de Utah já estava sendo perturbada por alguns anos pela indústria mineradora sediada na cidade vizinha de Pioche, Nevada. Materiais de construção e alimentos dos santos haviam sido levados pelos mineiros, causando uma escassez de suprimentos nas
comunidades mórmons. Vários jovens também haviam saído de casa para trabalhar nos campos de mineração para conseguir dinheiro, e ficavam sujeitos às influências do mundo. Isso também provocava a falta de mão de obra em casa" [10]
No final de 1874, mais de duzentas ordens unidas haviam sido estabelecidas nas colônias dos santos dos últimos dias. Sob esse modelo, cada pessoa mantinha sua propriedade particular, além das ações que possuía nas transações da cooperativa.
"Outra variação da ordem unida foi o tipo estabelecido em pequenas comunidades de menos de 750 pessoas. Nessa variação, cada pessoa compartilhava igualmente da produção da comunidade, e todos viviam e comiam juntos, como uma família bem organizada. A mais famosa dessas ordens foi a de Orderville, condado de Kane, no sul de Utah, que foi fundada por vinte e quatro famílias em 1875. Em cinco anos, a cidade tinha crescido para um total de 700 pessoas. Por meio de trabalho cooperativo, os cidadãos “construíram apartamentos denominados “shanties” em um arranjo de semi-forte em volta da praça da cidade e construíram um grande refeitório comum no centro”. Eles também construíram lojas, padarias e estábulos e cultivaram fazendas, pomares, projetos de ordenha de vacas e criação de animais, e várias fábricas, por exemplo, de móveis. As pessoas usavam todas o mesmo tipo de roupas fabricadas em Orderville, e não podiam melhorar as condições de vida a menos que todos também melhorassem juntos. Por dez anos essa comunidade foi um modelo de cooperação e amor, e
o sistema somente foi descontinuado devido ao aumento da perseguição anti-poligamia de 1885. Aqueles que trabalharam para construir Orderville continuaram a lembrar-se com real nostalgia da felicidade que sentiram
em uma comunidade cristã muito bem organizada.
De modo geral, a maioria das ordens não tiveram tanto sucesso. Devido a egoísmo e falhas de administração, bem como as dificuldades econômicas da nação como um todo, a maioria das ordens foram abandonadas em 1877. Algumas continuaram até que os problemas políticos da década de 1880 forçaram sua descontinuação. Apesar disso, houve várias realizações dignas de nota na década de sistemas cooperativos e ordens unidas em Sião. Os santos tornaram-se menos dependentes de produtos importados, que diminuíram drasticamente. A produção doméstica e o investimento local em fábricas e revenda aumentaram consideravelmente. A desigualdade financeira diminuiu entre os santos. Foram desenvolvidas as nobres qualidades da industriosidade e diligência, que beneficiaram várias gerações da Igreja. E, por fim, os programas de auto-suficiência econômica ajudaram significativamente na construção dos templos de Utah em St. George, Logan, Manti e Salt Lake City, provendo tanto a mão de obra quanto o material." [11]
Hoje os membros da Igreja fazem convênio com Deus de se consagrarem, mas não lhes é exigido doar suas posses, como no caso de Ananias e Safira, do Novo Testamento. A plenitude da Lei da Consagração, portanto, não é exigida.
"Como membros da Igreja de Deus, temos de estar preparados para viver de acordo com a plenitude da lei da consagração e dispostos a fazê-lo. Contudo, não precisamos deixar o dia em que consagraremos a vida ao Senhor para o futuro. Fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para viver de acordo com a lei da consagração atualmente, estaremos mais bem preparados para vivê-la plenamente quando o Senhor nos pedir que o façamos." [12]
O Bispo Victor L. Brown, que foi o Bispo Presidente da Igreja, disse que até que “nos sintamos em total harmonia” com o princípio de que tudo o que temos pertence ao Senhor, “será difícil, senão impossível, que aceitemos a lei da consagração. Quando nos preparamos para viver a lei, esperamos com grande alegria o dia em que seremos convocados a fazê-lo. Se, contudo, desejarmos que esse dia demore a chegar, de modo que tenhamos o prazer de acumular bens materiais, estamos no rumo errado”. [13]
Temos de estar dispostos a fazer os sacrifícios que o Senhor pede que façamos atualmente. Isso inclui sacrificar o tempo, os talentos e as posses. As pessoas que não conseguem fazer esses sacrifícios agora, talvez, tenham dificuldade de fazer os sacrifícios maiores exigidos com a instituição plena da lei da consagração.
Entre as maneiras de se preparar para viver a lei da consagração estão:
  1. Pagar um dízimo honesto e ofertas de jejum generosas. O Élder Marion G. Romney perguntou: “O que nos proíbe de dar tanto nas ofertas de jejum quanto daríamos em excedentes na Ordem Unida? Nada, exceto as nossas próprias limitações”. [14]
  2. Cumprir nossos chamados e servir na Igreja. "O Senhor advertiu cada um a que “aprenda seu dever e a agir no ofício para o qual for designado com toda diligência”. (D&C 107:99) Devemos desempenhar os chamados que recebemos da melhor maneira possível. Além de desempenhar chamados específicos da Igreja, podemos falar do evangelho com outras pessoas, fazer o trabalho do templo e empenharmo-nos em fortalecer o testemunho das pessoas que são novas ou fracas na fé." [15]
  3. Servir como missionários de tempo integral. O Élder Robert D. Hales, do Quórum dos Doze, ensinou: “Ir para a missão ensina-os a viver a lei da consagração. Talvez seja a única época de sua vida em que poderão dar ao Senhor todo o seu tempo, talentos e recursos. Em troca, o Senhor os abençoará para que tenham Seu Espírito consigo. Ele estará perto de vocês e os fortalecerá”. [16]
O Irmão Stephen B. Ovesone Dixie Randall Oveson, que serviu como Setenta, disse:
"Podemos deduzir que a verdadeira conversão ao evangelho de Jesus Cristo se reflete em atos concretos por parte dos membros da Igreja. Ou seja, aqueles que receberam uma confirmação espiritual que resultou num forte testemunho normalmente desejam viver os princípios do evangelho da melhor maneira possível. Nós os veremos fazer tudo o que for necessário para magnificar seus chamados, pagar um dízimo integral e ofertas de jejum generosas, santificar o Dia do Senhor, realizar a noite familiar, estudar as escrituras e assim por diante. Todos esses atos dignos, juntamente com quase incontáveis outros, constituem o empenho pessoal daqueles que são membros consagrados da Igreja.
Disciplinar nosso espírito dessa forma prepara-nos para viver segundo a lei celestial. O Senhor ensinou-nos em Doutrina e Convênios 88:22: “[Aquele] que não consegue viver a lei de um reino celestial não consegue suportar uma glória celestial”. O erudito santo dos últimos dias Hugh Nibley disse: “Vocês verão que o propósito principal de Doutrina e Convênios é aplicar a lei da consagração”. Ensinou ainda: “Essa lei, a consumação das leis da obediência e do sacrifício, é a porta de entrada do reino celestial, o último e mais difícil mandamento dado aos homens [e mulheres] nesta vida". [17]
Para concluir o assunto o tópico a citação do Presidente Henry B. Eyring:
"[O] Senhor ouve o choro [das] pessoas [necessitadas] e sente a profunda compaixão que vocês têm por elas, desde o princípio dos tempos Ele proveu meios para que Seus discípulos possam ajudar. Ele convidou Seus filhos a consagrarem seu tempo, seus recursos e a si mesmos, unindo-se a Ele no serviço ao próximo.
Sua maneira de ajudar às vezes foi chamada de “viver a lei da consagração”. Em outra época, a maneira Dele se chamava “ordem unida”. Em nossa época, ela se chama Programa de Bem-Estar da Igreja.
Os nomes e detalhes de operação mudam para condizer com as necessidades e condições das pessoas. Mas a maneira do Senhor de ajudar os que passam necessidades materiais sempre requer pessoas que, por amor, consagraram a si mesmas — e as coisas que possuem — a Deus e Sua obra.
Ele convidou-nos e ordenou-nos a participar de Seu trabalho de ajudar os necessitados. Assumimos o convênio de fazer isso nas águas do batismo e nos templos sagrados de Deus. Renovamos esse convênio aos domingos, quando tomamos o sacramento." [18]

COMUNISMO E EVANGELHO
Agora voltemos ao Comunismo, e se encaixa-se no evangelho, especialmente na Lei da Consagração. Vários profetas e Autoridades Gerais da Igreja falaram contra o comunismo. A maior parte das citações foram emitidas durante a Guerra Fria e a ameaça do Comunismo. Entretanto, elas são válidas hoje. Nelas é explicado a diferença entre a Ordem Unida e o Comunismo e os motivos pelos quais Comunismo e Evangelho não combinam (revolta violenta, fim da liberdade, fim da propriedade, fim da religião, etc.)
“A conspiração secreta mundial que tem aumentado em nossos dias – para cumprir essas profecias – é facilmente identificada. O Presidente McKay não deixou margem para dúvidas quanto à atitude que os Santos dos Últimos Dias devem ter para as modernas “combinações secretas” do comunismo conspiratório. Em uma longa declaração sobre o comunismo, ele disse: ‘… Os Santos dos Últimos Dias não devem ter nada a ver com as combinações secretas e grupos antagônicos à lei constitucional da terra que o Senhor estabeleceu, e que ‘deve ser mantida para a proteção dos direitos de toda a carne de acordo com princípios justos e santos." [19]
“A posição da Igreja sobre o tema do comunismo nunca mudou. Nós o consideramos a maior ameaça satânica à paz, prosperidade e à propagação da obra de Deus entre os homens, que existe na face da terra.” [20]
“O comunismo é a maior potência anti-Cristo no mundo de hoje e, portanto, a maior ameaça não só para a nossa paz, mas para a nossa preservação como um povo livre. A medida em que nós tolerarmos isso, acomodar-nos com ele, permitir-nos ser cercados por seus tentáculos e atraídos para ele, é a mesma medida em que perderemos a proteção do Deus da terra.” [21]
“Nós condenamos o que homens com ímpios desígnios estão planejando agora, ou seja: o estabelecimento e perpetuação em todo o mundo de alguma forma de comunismo, de um lado, ou de alguma forma de nazismo ou fascismo, do outro. Cada um desses sistemas destrói a liberdade, apaga as instituições livres, apaga o arbítrio, sufoca a imprensa livre e a liberdade de expressão, esmaga a liberdade religiosa e de consciência. Os povos livres não podem e não sobrevivem sob estes sistemas.” [22] 
“Nossos verdadeiros inimigos são o comunismo e o seu companheiro de chapa, o socialismo (...) E nunca se esqueça por um momento que o comunismo e o socialismo são a escravidão estatal.” [23]
“Nossa família pode ser corrompida pelas tendências e ensinamentos mundanos a menos que saibamos como usar o [Livro de Mórmon] para expor e combater as mentiras do socialismo, a evolução biológica, o racionalismo, o humanismo, e assim por diante.” [24] 
“Basicamente, o comunismo é uma forma de falsa religião; é uma das maiores divisões da igreja do diabo. Nega a Deus e a Cristo; desdenha da cristandade; renega as normas morais e éticas da religião e a decência; nega o livre arbítrio ao homem; ele tira seus direitos inalienáveis; e rebaixa o indivíduo e seu bem-estar a uma massa adequada ao estado. (…) É, portanto, uma ditadura do tipo mais severo e rude existente. A posição da Igreja com respeito ao comunismo está expressa na seguinte declaração da Primeira Presidência: ‘Lamentamos saber, por fontes verdadeiras do governo e outros, que uns poucos membros da Igreja estão-se unindo direta ou indiretamente ao comunismo e estão tomando parte em suas atividades. A Igreja não interfere, e não tem a intenção de interferir, com o livre exercício político de seus membros (…). Porém o comunismo não é um partido político nem um plano político segundo a Constituição; é um sistema de governo oposto ao nosso governo Constitucional (…). Aos nossos membros da Igreja dizemos: O comunismo não é a Ordem Unida, e tem com ela somente uma semelhança superficial; o comunismo está baseado na intolerância e força; a Ordem Unida sobre o amor e a liberdade de amor e consciência; o comunismo envolve despojo forçado e confisco; a Ordem Unida, consagração voluntária e sacrifício. (…) O comunismo (…) é incompatível com a afiliação à verdadeira Igreja, portanto (…) nenhum membro fiel da igreja pode ser comunista. Pedimos a todos os membros da Igreja que evitem o comunismo completamente.’” [25]
“O homem tem três grandes direitos, igualmente sagrados, que não podem sofrer interferência arbitrária: o direito à vida, o direito à liberdade, e o direito à sua propriedade. Os três direitos acham-se tão interligados, que se constituem, essencialmente, num só direito. Dar ao homem a vida, mas negar-lhe a liberdade, é tirar dele tudo o que faz a existência digna de ser vivida. Dar-lhe a liberdade, mas tirar-lhe a propriedade, que é o fruto e o símbolo da primeira, é ainda fazer dele um escravo.” [26]
“Estamos vivendo tempos difíceis – conflitos internacionais são iminentes – “Nação se levantando contra Nação” para a supremacia e a existência. Governos civilizados são ameaçados por destrutivos organismos internos formados no Comunismo. Esta organização secreta assume diferentes nomes e formas. É o Comunismo na França, o Socialismo na Alemanha, Internacionalismo na Espanha e Itália, o Niilismo na Rússia, e sentimentos semelhantes e os princípios são revestidos com uma variedade de títulos nos Estados Unidos e Grã-Bretanha. Todas estas organizações se opõem ao espírito de todas as restrições da lei e da ordem. Agora, deixe-me chamar a atenção para o fato de que em fevereiro de 1831, Joseph Smith recebeu uma revelação sobre este assunto, que, sem dúvida, muitos de vocês estão familiarizados. Também é feita referência no mesmo sentido no Livro de Mórmon. Secularismo e infidelidade estão varrendo o mundo, milhões se entregam em todo tipo de iniquidade. A criminalidade está aumentando com tal rapidez que as grandes cidades do mundo acham quase impossível lidar com ela. Eu sei que é mais fácil apontar os males que destruí-los. Eu sei que será necessário o esforço conjunto de cidadãos honestos, patriotas, que amam a liberdade, para enfrentar a situação. As igrejas devem desempenhar um papel importante. A Igreja de Jesus Cristo nunca cessou a sua oposição a essas organizações, como já me referi e nunca cessará.” [27]
“O antigo profeta americano Morôni viu os nossos dias. Quem pode duvidar de que ele tinha em mente os males do comunismo ateu, quando deu este aviso solene: ‘Portanto, ó gentios, é sabedoria de Deus que estas coisas vos sejam mostradas, a fim de que, por meio delas, vos arrependais de vossos pecados e não permitais que vos dominem essas combinações assassinas, instituídas para a obtenção de poder e lucro – e a obra, sim, a obra de destruição vos sobrevenha; sim, a espada da justiça do Deus Eterno cairá sobre vós para vossa ruína e destruição, se permitirdes que estas coisas aconteçam. Portanto o Senhor vos ordena que quando virdes essas coisas surgirem entre vós, estejais conscientes de vossa terrível situação por causa desta combinação secreta que existirá entre vós; ou ai dela, em virtude do sangue daqueles que foram mortos; porque eles clamam desde o pó por vingança contra ela e contra os que a instituíram. Pois acontece que quem a institui visa destruir a liberdade de todas as terras, nações e países; e causa a destruição de todos os povos, pois é instituída pelo diabo, que é o pai de todas as mentiras; o mesmo mentiroso que enganou nossos primeiros pais, sim, o mesmo mentiroso que fez com que o homem cometesse assassinatos desde o princípio; que endureceu o coração dos homens a tal ponto que mataram os profetas e apedrejaram-nos e expulsaram-nos desde o princípio’ (Éter 8:23-25). Nós somos claramente justificados em afirmar que devemos considerar qualquer tentativa por parte dos comunistas para estender seu sistema em qualquer parte deste hemisfério como perigosa para a nossa paz e segurança." [28] 
“A ameaça do comunismo é muito real. A ameaça do socialismo é ainda mais real. O comunismo é mais do que um sistema econômico. É uma filosofia de vida, ateu e totalmente oposta a tudo o que nos é caro (…). Não é verdade que um Santo dos Últimos Dias pode ser um comunista ou um socialista, porque os princípios comunistas são contrários à palavra revelada de Deus (...)" [29] 
O Profeta Joseph Smith disse que certa vez assistiu uma palestra "acerca do socialismo", e que depois de ouvi-la  declarei que não acreditava naquela doutrina.” [30] 
Assim se posicionaram os profetas e se posicionou a Igreja. Embora Marx tenha tido boas intenções de melhorar a realidade em que estava inserido - ele não tinha o Evangelho e os princípios da Lei Celestial. Hoje, os membros recusam o comunismo, por atentar contra os Direito Fundamentais e os princípios da Religião Revelada.

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NOTAS
[1] Você pode ler mais sobre quem foi Karl Marx nestes sites: InfoEscolaWikipédia e E-Biografias.
[2] "A era da Revolução - Karl Marx, O Livro da Filosofia, Globo Livros, 2011; pg. 203
[3] SILVIO L. SANT´ANNA, "Introdução", Manifesto do Partido Comunista, Introdução, pg. 11
[4] "A ascensão das massas - Karl Marx, O Livro da Política, Globo Livros, 2011; pg. 193
[5] "Revolução Industrial e Econômica - Karl Marx, O Livro da Economia, Globo Livros, 2011; pg. 105
[6] "Lei da Consagração", Tópicos do Evangelho
[7] "Odem Unida", Tópicos do Evangelho
[8] Extraído de "A Lei da Consagração", Doutrina e Convênios e História da Igreja: Manual do Professor de Doutrina do Evangelho, 2000. Clique aqui para acessar.
[9] "Coligação em Ohio", História da Igreja na Plenitude dos Tempos, pg. 97, 99
[10] "A busca da Autossuficiência", História da Igreja na Plenitude dos Tempos, pg. 400-403
[11] "A busca da Autossuficiência", História da Igreja na Plenitude dos Tempos, pg. 404-405
[12] Doutrina e Convênios e História da Igreja: Manual do Professor de Doutrina do Evangelho, 2000.
[13]  “The Law of Consecration”, 1976 Devotional Speeches of the Year, 1977, p. 439.
[14] Conference Report (Relatório da Conferência Geral), abril de 1966, p. 100; ou Improvement Era, julho de 1966, pg. 537
[15] Doutrina e Convênios e História da Igreja: Manual do Professor de Doutrina do Evangelho, 2000.
[16]  A Liahona, julho de 1996, p. 36.
[17] "Consagração Pessoal", A Liahona, setembro de 2005, clique aqui para acessar.
[18] "Oportunidades de Fazer o bem", Conferência Geral Abril de 2011.
[19] Gospel Ideals, de David O. McKay p. 306 em Ezra Taft Benson, Conference Report, October 1961, pp. 69–72
[20] David O. McKay, Conference Report, April 1966, pp. 109–110
[21] Marion G. Romney, “America’s Promise,” Ensign, setembro de 1979, p. 5
[22] Primeira Presidência, Conference Report, outubro de 1942, p. 15
[23] J. Reuben Clark, Jr., Deseret News, “Church Section,” 25 de setembro de 1949, pp. 2, 15
[24] Ezra Taft Benson, A Witness and a Warning, 1988, p. 6
[25] Bruce R. McConkie, Mormon Doctrine, (citando Improvement Era, vol. 39, pág. 488)
[26] George Sutherland (citado por David O. McKay em Conference Report, outubro de 1962, p. 6)
[27] Reed Smoot, Conference Report, abril de 1933, p. 20
[28] Ezra Taft Benson, Conference Report, outubro de 1960, p. 104
[29] Ezra Taft Benson, BYU Speeches of the Year, 24 de maio de 1961, pp. 10—11
[30] History af the Church , 6:33


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DECLARAÇÕES ADICIONAIS

Na época de Joseph Smith, alguns grupos de pessoas tentaram formar sistemas comunais nos quais o grupo compartilhava a propriedade de todos os bens e recursos. Antes da revelação sobre a lei da consagração, alguns membros da Igreja em Ohio haviam estabelecido um grupo assim. Algumas de suas práticas eram problemáticas:
“Quando [Joseph Smith] chegou em Ohio e descobriu um grupo de aproximadamente cinquenta pessoas que haviam criado uma cooperativa baseada em suas próprias interpretações do livro de Atos descrevendo os primeiros santos que tinham todas as coisas em comum. (ver Atos 2:44–454:32). Esse grupo, que se denominava “a família”, (…) era formado de membros da Igreja que viviam na fazenda de Isaac Morley, perto da vila de Kirtland. Quando John Whitmer chegou na metade de janeiro, percebeu que esse empreendimento estava causando muitos problemas. Por exemplo: Heman Bassett pegou um relógio de bolso que pertencia a Levi Hancock e vendeu-o. Quando lhe interpelaram o motivo, Heman respondeu: ‘Oh, pensei que tudo estava em família’. Levi respondeu que não apreciava essas “coisas de família” e não iria mais tolerar esse tipo de coisa. [Levi W. Hancock, “Levi Hancock Journal”, LDS Historical Department, Salt Lake City, p. 81.]”
“O Profeta Joseph (…) reconheceu a necessidade de estabelecer um sistema mais perfeito para atender às crescentes necessidades financeiras da Igreja. Era necessário haver rendimentos para financiar vários empreendimentos da Igreja, como a publicação das revelações e de panfletos missionários. (…) Dinheiro, bens e propriedades eram necessários para ajudar os pobres e auxiliar os imigrantes que haviam-se sacrificado muito para reunirem-se em Ohio. Por isso, Joseph procurou o Senhor” (História da Igreja na Plenitude dos Tempos, 2ª ed. [manual do Sistema Educacional da Igreja, 2003], p. 95).
Na revelação registrada em Doutrina e Convênios 42, que revelou a lei da consagração estabelecida pelo Senhor, encontrava-se uma das várias revelações recebidas em resposta ao pedido de Joseph.
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Algumas pessoas já sugeriram que a prática da lei da consagração e o sistema de ordem unida são apenas um tipo de socialismo ou comunismo religioso. Outras pessoas afirmam que era um desenvolvimento a partir de filosofias da época de Joseph Smith ou de experiências de consagração adotadas na nova religião. Essas suposições são falsas. Mais recentemente, o Presidente Marion G. Romney, da Primeira Presidência descreveu o sistema recebido por revelação que estabeleceu a ordem unida:
  • “(1) A base da Ordem Unida é a crença em Deus e a aceitação Dele como o Senhor da Terra e o criador da Ordem Unida. (…)
  • “(2) A Ordem Unida é implementada por meio das ações voluntárias e de livre e espontânea vontade dos homens, evidenciada por uma consagração de todas as propriedades à Igreja de Deus. (…)
  • “(3) (…) A Ordem Unida funciona sob o princípio da propriedade privada e administração individual. (…)
  • “(4) A Ordem Unida não é política. (…)
  • “(5) Um povo justo é um pré-requisito para a Ordem Unida. (…)
“A Ordem Unida melhora a qualidade de vida dos pobres e torna os ricos mais humildes. E ambos são santificados nesse processo. Os pobres, livres do jugo e das limitações humilhantes da pobreza, tornam-se capazes de, quando livres, alcançar todo o seu potencial, tanto material como espiritual. Os ricos, por meio da consagração e do compartilhamento de seus excedentes para o benefício dos pobres, sem serem forçados, mas de boa-vontade e por sua própria escolha, demonstram aquela caridade para com o próximo a qual Mórmon chamou de ‘puro amor de Cristo’. (Morôni 7:47.)” (Conference Report, abril de 1966, p. 97).
O Presidente J. Reuben Clark Jr. da Primeira Presidência disse: “Em geral, a Ordem normalmente não foi compreendida. (…) [Ela] não era um sistema comunal. (…) A Ordem Unida e o comunismo não são sinônimos” (Conference Report, outubro de 1943, p. 11).
O Presidente Romney explicou que precisamos assumir a responsabilidade pessoal de cuidar dos pobres e necessitados: “Neste mundo moderno infestado de imitações baratas do plano do Senhor, não devemos nos enganar supondo que podemos nos livrar de nossas obrigações com os pobres e necessitados ao transmitir essa responsabilidade a um órgão governamental ou público. Somente por meio da doação voluntária de amor abundante ao próximo, podemos desenvolver a caridade caracterizada por Mórmon de ‘o puro amor de Cristo’. (Morôni 7:47.)” (“Caring for the Poor and the Needy” [Cuidar dos Pobres e Necessitados], A Liahona, janeiro de 1973, p. 98).
O Presidente Clark fez as seguintes declarações sobre os benefícios gratuitos:
“A distribuição dessas grandes quantidades de benefícios gratuitos produziu na mente de centenas de milhares — se não de milhões — de pessoas (…) um amor pela ociosidade, um sentimento de que o mundo tem que os sustentar. Isso fez com que o terreno se tornasse fértil para algumas das doutrinas políticas mais destrutivas que já foram criadas, (…) e acho que essa questão pode nos levar a um sério problema político” (citado em Marion G. Romney, “Princípios Básicos dos Serviços de Bem-Estar da Igreja”A Liahona, agosto de 1976, p. 109).
“Nenhum homem tem direito a uma vida de ociosidade, não importa qual seja sua idade. Nunca vi uma linha sequer nas Sagradas Escrituras que declare ou mesmo sancione essa atitude. No passado nenhuma sociedade livre conseguiu sustentar grandes grupos de ociosos e viver em liberdade” (Conference Report, abril de 1938, p. 107).

Comentários

  1. Há um simples argumento contra o comunismo, que é ateísta, por isso a incompatibilidade.

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  2. “Nossa família pode ser corrompida pelas tendências e ensinamentos mundanos a menos que saibamos como usar o [Livro de Mórmon] para expor e combater as mentiras do socialismo, a evolução biológica, o racionalismo, o humanismo, e assim por diante.” [24] Caraca, Benson! Esperava mais de você.

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  3. Sou mórmon e sou marxista por principio, não marxista ao pensar no comunismo que foi apenas um lado do marxismo o qual chamamos de marxismo utópico, uma espécie de profecia que não se realizou,mas existe o marxismo científico que é a analise do capitalismo e de seus efeitos e falar de marxismo pra mim é falar deste lado de Marx que pra mim não é contraditório ao Evangelho simplesmente porque a Igreja se quer debate o tema até onde eu sei.

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