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Uma Abordagem do Evangelho para o Feminismo

Proponho um debate sobre feminismo a partir da perspectiva da Teologia Mórmon. Entretanto, antes de fazê-lo é preciso compreender o mais completamente possivel a filosofia e literatura feminista, sua história e seus desenvolvimento. Portanto, um estudo de Filosofia, História, Sociologia, Psicologia, Biologia, Direito e outras disciplinas do saber humano se fizerem necessárias. Abaixo aglutinei o conhecimento dessas diversas áreas sem a preocupação de apontar o interesse mais particular de cada uma, já que o que me cabe é realizar uma analise ampla e sincera, sem restrições - e depois adequar estas informações com a Verdade Divina. como disse Paulo: "Examinai tudo. Retende o bem" (1 Tessalonicenses 5:21).

Neste grande desafio, sinto também a necessidade de ser didático, e um tanto breve. Isso fará com que o texto, como outros que escrevi, não seja tão aprofundado - mas traçará linhas gerais que poderão ser utilizadas em estudos posteriores.

Dito isto, passemos a estudar o importante tema do feminismo.


1- O QUE É O FEMINISMO?

O feminismo é, sobretudo, em uma definição simplista, um movimento social e político que tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres. Os estudiosos enxergam o surgimento do movimento feminista no século XIX. Hoje, divide-se este movimento em três frentes, chamadas "ondas" (O termo "onda" foi cunhado em março de 1968 por Marsha Lear ao escrever um artigo sobre a luta das mulheres):
  • 1º Onda Feminista: Século XIX até o começo do Século XX. Essa primeira "onda" concentra-se, grosso modo, nas reivindicações das mulheres em questões jurídicas e políticas. Elas desejavam desfrutar do sufrágio - direito de votar e de serem votadas. Também desejavam não apenas acesso ao mercado de trabalho - mas uma remuneração equiparada ao dos homens.
  • 2º Onda Feminista: 1960-1980. A segunda onda do feminismo retomou alguns temas da primeira, mas expandiu o debate, incluindo o direito de reprodução, a questão do aborto, a violência doméstica, a desigualdade material, estupro conjugal, pornografia, divórcio, etc. 
  • 3º Onda Feminista: 1990 até hoje. Um reavivamento pela questão feminista surgiu na década de 90 - e persiste em nossos dias. Essa onda, como as anteriores, aponta para falhas no respeito pelos direitos das mulheres, mas diferente das anteriores questiona conceitos estruturados pelo próprio movimento feminista até então. Há uma desarmonia entre o movimento, enquanto algumas feministas nuas fazem passeatas radicalizando as questões - daí o feminismo radical, outras tentam incluir todas as mulheres, das mais variadas etnias e nações - levando em consideração diferenças intrínsecas e extrínsecas. Há discussões sobre gênero, sexo e papel da mulher na sociedade contemporânea. E tal como as outras ondas, posições ideológicas e políticas se vinculam a um ou outro aspecto do movimento.
A socióloga Francine Decarries esclarece que o uso da palavra "radical", cujo significado é aquilo que busca as "raízes", pretende abordar as desigualdades geradas nas sociedades de cunho liberal. O feminismo radical pode ser subdividido em quatro tendências, a saber: Feminismo "Materialista", "Socialista", "da Especificidade ou Autonomista" e "Lesbiano". A primeira faz uma oposição clara à "classe dos homens" como sendo os opressores; na segunda, há um liame direto entre o capitalismo e o sistema patriarcal; a terceira se volta para a questão das mulheres na família e no trabalho doméstico e, por fim, o Feminismo Lesbiano encara o modelo heterossexual como opressor e tem na homossexualidade feminina uma opção social e política.

A socióloga Sylvia Walby defende que, além de ser um conceito descritivo e útil para a análise da dominação masculina, o "patriarcado" é um sistema que se articula com o capitalismo, porém, é autônomo. "É um sistema de estruturas e práticas sociais nas quais os homens dominam, oprimem e exploram as mulheres", definiu.


2- HOMENS E MULHERES - SÃO DIFERENTES? - O QUE DIZ A CIÊNCIA

BIOLOGIA. As diferenças físicas entre homens e mulheres são evidentes. Há diferenças biológicas e fisiológicas. Homens são os machos da espécie humana, e mulheres são fêmeas.

Nas células humanas há 23 pares de cromossomos . 22 pares desses são autossomos e os outros dois cromossomos (1 par) são chamados de sexuais. Os cromossomos autossomos são comuns tanto em homens como em mulheres - e não possuem diferenças relevantes; não obstante, os cromossomos sexuais determinam as características de um macho e uma fêmea. Nas mulheres, há dois cromossomos sexuais X, que são homólogos. Já nos homens há um cromossomo X e um cromossomo Y.

Homens e mulheres apresentam hormônios sexuais em diferentes quantidades que garantem o desenvolvimento dos caracteres sexuais primários e secundários. Homens, pro exemplo, tem maior concentração testosterona, diferentemente da mulher, que possui uma maior concentração de estrógeno.

A testosterona inibe o desenvolvimento de mamário, o alongamento das cordas vocais, o crescimento da laringe, o desenvolvimento de pelos corporais, e tem efeitos sobre a libido. Os estrógenos, por sua vez, promovem o desenvolvimento do útero e ovário, atua nas mamas e tem papel fundamental na menstruação.

Na puberdade, meninos e meninas passam por mudanças físicas e psicológicas - e o desenvolvimento de caracteres sexuais secundários são melhor observados. Observou-se que a puberdade nas meninas inicia-se mais cedo do que nos meninos. A partir dos 8 anos de idade as meninas já começam a desenvolver mamas; e por volta dos 12 anos, já ocorre nelas a primeira menstruação. Nos meninos, o volume do testículo começa a aumentar por volta dos 11 anos, os pelos pubianos começam a surgir por volta dos 12 anos. Na face, os pelos surgem por volta os 15 anos de idade.

Demonstrou-se que os cérebros masculinos e femininos não funcionam exatamente da mesma forma: há diferenças provavelmente relacionadas com a orientação das conexões entre os neurônios. Ou seja, homens e mulheres processam informações e emoções de forma diferente. Além disso, constatou-se que as mulheres possuem mais massa cinzenta (região com corpos celulares de neurônios) quando comparadas aos homens, que possuem mais massa branca (formada por prolongamentos dos neurônios).  O cérebro masculino tem entre 10 e 20 milhões de neurônios a mais do que o cérebro feminino. No entanto, como existem 100 bilhões de neurônios, a diferença morfológica não é grande. Ademais, a mulher tem menos neurônios do que o homem, mas tem mais conexões. Além disso, as estruturas que conectam os dois hemisférios cerebrais são maiores na mulher.
Homens e mulheres também apresentam diferenças quando o assunto é desempenho em atividades físicas. No caso dos exercícios aeróbicos, homens apresentam vantagens, pois possuem um maior número de glóbulos vermelhos no sangue, os quais são responsáveis pelo transporte de oxigênio necessário para a respiração celular (processo de aquisição de energia pela célula). No quesito força, o homem também apresenta vantagens em virtude da produção maior de testosterona, que causa um aumento maior na musculatura. As mulheres apresentam uma maior flexibilidade, o que garante melhor execução de atividades que exigem movimentos precisos.
As mulheres apresentam uma maior quantidade de gordura corporal quando comparadas aos homens. Essa maior quantidade de gordura é normalmente associada ao fato de que a mulher gera o bebê, necessitando, portanto, de uma fonte adicional de energia. Muitos pesquisadores associam o fato de o homem ter menos gordura e mais músculo ao seu papel de caçador nos primórdios da evolução humana.
Homens e mulheres possuem também diferenças típicas entre as vozes, sendo a do homem mais grave que a das mulheres. Nos homens, as pregas vocais são mais grossas e elásticas, vibrando mais de 120 vezes por segundo. Em mulheres, a vibração ocorre com maior frequência, sendo essas pregas mais finas e tensas. [1]


PSICOLOGIA. Na década de 1970 foram realizados diversos estudos para responder se homens e mulheres eram psicologicamente diferentes. Adultos foram apresentados a um bebê, o Bebê X, alguns achando que era um menino, e outros que era uma menina, e outros ainda, sem saber o sexo da criança. A reação dos participantes - como eles interpretavam as respostas do bebê diante dos brinquedos como bonecas ou carinhos e como brincavam com o bebê  - pareceu demonstrar que a atitude deles era influenciada pela ideia que tinham do sexo da criancinha.

Isto indicou algo que a filósofa Simone de Beauvoir (e nos iremos falar mais sobre ela mais abaixo), apregoava: que embora nasçamos com um sexo definido, a sociedade é que nos impõem ideias sobre o que é ser homem e o que é ser mulher. Passou-se a diferenciar, portanto, sexo (diferença biológica entre macho e fêmea) de gênero (diferenças de comportamento impostas pela sociedade). Alberte Bandura, um psicólogo do desenvolvimento, confirmou a ideia de Beauvoir, dizendo que meninos e meninas relamente se comportam diferentes por serem tratados de modo diverso - os estereótipos sexuais são aprendidos socialmente.

Entretanto, vários estudiosos questionaram a ideia de que apenas a sociedade condiciona a formação dos gêneros. A própria Eleanor E. Maccoby, que dizia que não havia diferenças psicológicas entre meninos e meninas reconheceu que as meninas, sobretudo as adolescentes, eram mais disciplinadas e esforçadas que os meninos [2]. 

Muitos estudiosos acreditam que há diferenças reais, na forma de pensar e agir, entre homens e mulheres, a despeito das questões sociais. O neuropediatra José Salomão Schwartzman disse:

Muito se tem discutido se a menina gosta de bonecas e os meninos de jogar bola porque a educação e as atividades a que são expostos incentivam essa preferência. Embora seja uma questão polêmica, estudos mais recentes revelam que essas diferenças começaram a ser estabelecidas pela ação dos hormônios sexuais ainda dentro do útero materno. Não é só por fatores puramente culturais que a menina prefere as bonecas e os meninos, a bola e os carrinhos. Uma força biológica dentro deles orienta essas escolhas. [3]

Os psicólogos evolutivos afirmam que as diferenças inatas fazem com que as mulheres tenham uma preocupação natural com a família, e que os homens se sintam na obrigação de protegê-las e prover seu sustento. Simon Baron-Cohen, professor da Universidade de Cambridge, apresentou uma teoria de que existem "cérebros masculinos" e "cérebros femininos". Os primeiros seriam sistemáticos, sendo capazes de analisar e lidar com regras e sistemas mecânicos e abstratos. Os cérebros femininos teriam maior empatia, sendo mais aprimorados para identificar pensamentos e sentimentos alheios. A conclusão é que mulheres seriam mais empáticas, quanto homens mais sistemáticos.

Todavia, o fato é que muitos homens tem empatia e muitas mulheres são sistemáticas. O que ainda faz surgir diversas teorias - ou a revisão das antigas.

O Dr. Schwartzman traçou as diferenças aos explicar: 

Meninos têm desempenho superior ao das meninas nas atividades que envolvem inteligência espacial, como encontrar o caminho que conduz à saída de um labirinto. Nos adultos, a evidência mais representativa dessa diferença é a dificuldade que habitualmente as mulheres têm de decifrar um mapa rodoviário, coisa que os homens fazem com mais tranquilidade.
Na Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde dou aula nos cursos de pós-graduação, uma de minhas alunas do curso de Fisioterapia, que tinha sido bombeiro, fez uma pesquisa interessante. Ela testou bombeiros homens, bombeiros mulheres, universitários e universitárias na tarefa de encontrar um caminho dentro de um labirinto.
Não sei se todos sabem, mas faz parte do treinamento dos bombeiros um exercício que se chama “casinha da fumaça”, com o intuito de prepará-los para alguma eventualidade em que seja necessário encontrar uma rota de escape. Minha aluna construiu o labirinto e registrou o tempo que cada participante levava para cumprir a tarefa. O resultado foi que homens bombeiros eram melhores do que mulheres bombeiros e que estas eram superiores aos homens não bombeiros que eram superiores, por sua vez, às mulheres não bombeiros. Isso demonstrou claramente que o treino interfere, mas não anula a diferença de base que deve ser biológica.
Experiências de laboratório mostraram também que os ratinhos são melhores do que as ratinhas para andar num labirinto e encontrar comida. Outra coisa que se descobriu nos testes com ratos, e que vale para a espécie humana, é que se o labirinto for coberto com um pano, as ratinhas não encontram mais o alimento porque não usam as pistas cartográficas. Usam objetos de referência. Os homens, quando explicam como chegar a um determinado lugar, à Avenida Paulista de São Paulo, por exemplo, dizem: “Você sai do Largo São Francisco, pega a rua Cristóvão Colombo que muda de nome e vira Brigadeiro Luís Antônio e sobe essa avenida até o cruzamento com a Paulista”. A mulher sistematicamente vai dizer: “Você sai da Faculdade de Direito, pega a rua que tem um prédio cinza na esquina, anda até o fim, atravessa na faixa em frente daquela loja e vai subindo a Brigadeiro. A avenida Paulista fica depois daquela igreja…” Essas características parecem biológicas e não culturais.
(...) [Por outro lado as mulheres] são indiscutivelmente superiores nas habilidades verbais. Outro aspecto fundamental da diferença entre meninos e meninas, homens e mulheres, é o grau de interação social que o sexo feminino tem. Você nota isso nas crianças pequenas. Desde cedo, meninas têm atividade grupal muito mais intensa do que os meninos. Repare nas festas de aniversário. Meninos de 7, 8, 9 anos, cada um está entretido com uma atividade diferente. Um pula na cama elástica, outro anda de bicicleta ou sobe num trampolim e há o que não tira os olhos do jogo de videogame. Meninas da mesma idade estão todas em volta de uma boneca ou participando da mesma brincadeira.
Por isso, há quem diga que o cérebro feminino é o cérebro da empatia e o masculino, o cérebro sistemático. Homem lida melhor com sistemas, botões, equipamentos elétricos. Mulher domina a empatia social e é considerada quase telepata, porque consegue adivinhar, com frequência, o que o outro está pensando.


HISTÓRIA, SOCIOLOGIA, DIREITO E POLÍTICA. A História registra que homens e mulheres desempanaram papéis diversos nas sociedades do passado. Na Grécia, por exemplo, de maneira geral, as mulheres não eram consideradas cidadãs, e, portanto, não lhes era permitido votar e ter participação nas decisões políticas. Elas eram, na realidade, consideradas seres inferiores.

A socióloga Carmem Silva Moretzsohn Rocha explicou:
Desde a Antiguidade até o final do século XVII, a mulher era considerada imperfeita por natureza. O "modelo do sexo único", descrito minuciosamente por Thomas Laqueur e dominante até a Revolução Francesa, situava a mulher num degrau abaixo do homem na hierarquia social. Mulheres ou "homens invertidos", ontologicamente inexistentes, impotentes como as crianças ou escravos, iniciaram sua luta por reconhecimento paralelamente aos esforços dos conservadores para justificar sua exclusão dos primórdios da cidadania moderna ocidental, porque era politicamente necessário legitimar como natural o domínio do homem sobre a mulher. A construção do indivíduo racional pela teoria liberal pretendeu excluir a mulher da sociedade civil em formação, enfatizando a dicotomia entre os sexos e a separação entre as esferas pública e privada. Em contrapartida, deu início ao discurso feminista da diferença, inaugurando uma história de resistências repleta de questões, ambivalências, tensões e desdobramentos.
A luta inicial das mulheres pela igualdade de direitos nasce pela afirmação das diferenças dando início a uma ambivalência (igualdade versus diferença) que acompanha toda a trajetória do(s) feminismo(s) e fundamenta a idéia de identidade do sujeito feminino. O direito de votar foi uma das primeiras reivindicações das feministas denominadas sufragistas que, embora excluídas da esfera pública sob domínio masculino, buscavam participar desta por meio do voto. Alegavam, principalmente, que na condição de mães e educadoras daqueles que integravam as arenas decisórias teriam, portanto, o direito de votar. A Nova Zelândia foi o primeiro país a conceder o direito ao sufrágio feminino em 1893, portanto, final do século XIX. [4]
Contudo, as mulheres nem sempre foram consideradas inferiores e muitas desempenharam importantes papéis na História. Em Roma, Lívia (58 a.C-29d.C), por exemplo, mulher do imperador Augusto e mãe de seu sucessor, Tibério, conhecia muito bem os negócios do estado e foi praticamente sócia de seu filho no exercício do poder. Outros interessantes casos são resumidos abaixo:
Pode parecer incrível, mas datam da baixa Idade Média as mais remotas ideias feministas. Christine de Pisan (1364-1430) foi a primeira escritora profissional francesa, autora de poemas e de tratados de política e de filosofia. Sua erudição, segundo consta, ultrapassa à dos homens que lhe foram contemporâneos em seu país.
Sua obra prima intitula-se significativamente "Cidade das Damas", e fala da igualdade natural entre os sexos, além de registrar vidas femininas exemplares. Além disso, não por acaso, Pisan escreveu também uma biografia de Joana D'Arc (1412-1431), a padroeira da França e heroína da Guerra dos 100 anos.
Durante o Renascimento houve um retrocesso da condição social da mulher, que teve restrito seu acesso aos estudos e ao exercício de diversos ofícios e profissões. O mercantilismo confirma o homem como protagonista da história e devolve as damas ao recesso do lar. Mas não se pode deixar de mencionar figuras femininas incríveis, como Lucrecia Bórgia (1480-1519), filha do papa Alexandre 6º., uma legendária "mulher fatal" que aliou beleza e poder de sedução para tornar-se instrumento da política de seu pai e de seu irmão.
É o também caso de Catarina de Médici (1519-1589), originária da poderosa família florentina. Ela se tornou rainha da França, ao se casar com o duque de Orléans (futuro rei Henrique 2º.), e exerceu a chefia de Estado, como regente, de 1560 a 1574, com arbitrariedade e despotismo. Ao mesmo tempo, edificou em Paris o palácio das Tulherias, ampliou o acervo da biblioteca parisiense, ordenou a ampliação do Louvre e contribuiu para o engrandecimento da cidade.
Todavia, só se pode falar em reivindicação dos direitos da mulher a partir do século 18, com o advento do Iluminismo e da Revolução Francesa. Datam dessa época as primeiras obras de caráter feminista, escritas por mulheres como as inglesas Mary Wortley Montagu (1689-1762) e Mary Wollstonecraft (1759-1797). Esta última escreveu o livro "Em Defesa dos Direitos das Mulheres" (além de - só por curiosidade - ser a mãe de Mary Shelley, a autora de "Frankenstein").
No século 19, no contexto da Revolução Industrial, o número de mulheres empregadas aumentou significativamente. Foi a partir desse momento, também, que as ideologias socialistas se consolidaram, de modo que o feminismo se fortificou como um aliado do movimento operário. Nesse contexto realizou-se a primeira convenção dos direitos da mulher em Seneca Falls, Nova York em 1848. Também em Nova York, em 1857, aconteceu o movimento grevista feminino que, reprimido pela polícia, resultou num incêndio que ocasionou a morte de 129 operárias, justamente no dia 8 de março. A data e o número de mortes, porém, são controversos: o incêndio teria ocorrido numa greve de 25 de março de 1911 e seriam 140 as sua vítimas (26 homens).

Para os defensores dessa versão, a greve de 1857 foi pioneira, mas não resultou na catástrofe. Pelo pioneirismo, o seu dia inicial foi proposto como data comemorativa pela comunista alemã Clara Zetkin, no 2º. Congresso das Mulheres Socialistas, de 1910. Posteriormente, as duas greves se confundiram no imaginário social e o que aconteceu, de fato, a 25 de março de 1911, foi transferido para o dia 8 do mesmo mês várias décadas antes. [5]
Nossa Constituição concede igualdade entre homem e mulher. Como resumiu o jurista Leandro de Moura Ribeiro:
"Maciel (2007) dispõe que, como se não bastasse a regra geral de que todos são iguais perante a lei, consagrada no caput do artigo 5°, a Constituição Federal se preocupou tanto em condenar as distinções entre os homens e mulheres que acrescentou, no inciso I do mesmo artigo, como já supramencionado, a particular igualdade entre o homem e a mulher, já explicitada no inciso IV, do art. 3°, quando determina como objetivo da República Federativa do Brasil a promoção do bem de todos, sem preconceitos, dentre outros, de sexo. Para reafirmar a regra geral, a Constituição ainda a confirma no caso particular, quando prescreve a igualdade de direitos e obrigações entre homens e mulheres diante do casamento e dos filhos, no art. 226, § 5°.
Paralelo ao conceito de igualdade material, anteriormente elucidado, que implica no reconhecimento de que a lei pode e, mais ainda, deve tratar desigualmente os desiguais de maneira a preservar a igualdade de oportunidades, encargos e privilégios; está o tratamento diferenciado dispensado às mulheres que o constituinte adotou na busca pela equiparação entre os sexos, em três casos específicos: 1. licença-gestação para a mulher, com duração superior à da licença-paternidade (art. 7°, incisos XVIII e XIX); 2. incentivo ao trabalho da mulher, mediante normas protetoras (art. 7°, inciso XX); 3. prazo mais curto para a aposentadoria por tempo de serviço da mulher (art. 40, inciso III, alíneas a, b, c e d; art. 202, incisos I, II, III e §1°)." [6]


3- PENSADORES FEMINISTAS

Começamos este artigo definindo feminismo como "movimento". Embora os aspectos biológicos e psicológicos sejam interessantes, eles não necessariamente fundamentam ou impulsionam os movimentos feministas. As "ondas" feministas vieram de reivindicações políticas e jurídicas e de fatos sociais. E os estudos das ciências naturais são ora aproveitados, ora ignorados pelo movimento feminista.

Dito isto é imperioso mencionar, em nosso tema a filosofa Simone de Beauvoir (1908-1986), que escreveu a importante obra "O Segundo Sexo". Nela Beauvoir explora como a mulher sempre foi relegada a um papel secundário ao do homem. Ao fazê-lo, propõe que o sexo biológico (masculino e feminino) e o gênero socialmente construído são deliberadamente confundidos por uma sociedade dominada pelo machismo, dificultando as mulheres de emanciparem-se dos estereótipos.

Simone de Beauvoir dizia que o "Eu" do conhecimento filosófico é masculino, por falta de oposição e o seu par binário, o feminino, é, portanto, algo além, que ela chama de Outro. O "eu" é ativo e consciente, enquanto o "outro" é tudo o que o "eu" rejeita: passivo, sem voz, e sem poder. "Ele é o Sujeito, ele é o Absoluto. Ela é o Outro."

Beauvoir se preocupavam com a forma como as mulheres são julgadas: iguais apenas na medida em que agem como os homens. Mesmo aqueles que escreveram pela igualdade das mulheres, fizeram-no argumentando que igualdade significa que as mulheres podem ser e fazer o mesmo que os homens, dizia ela. Mas isso é equivocado, pois ignora o fato de que as mulheres e homens são diferentes.

"Muitos aspectos de "O segundo sexo" causaram muita controvérsia, incluindo a franca discussão de Beauvoir a respeito da homossexualidade feminina e de seu descontentamento aberto em relação ao casamento, ambos ressoantes em sua própria vida. Ela se recusou a casar com Sartre baseada no princípio de que não queria que sua relação ficasse restrita por uma instituição masculina. Para ela o casamento está no cerne da sujeição da mulher ao homem, limitando-a a uma posição submissa na sociedade e isolando-a de outros membros do seu sexo. Ela acreditava que somente onde as mulheres seguissem autônomas elas conseguiram se erguer contra a opressão. Ela achava que se as meninas fossem condicionadas a encontrar "um cara, um amigo, um parceiro" em vez de um "semideus", poderiam entrar numa relação com base muito mais igual." [7]

Ao ler a obra de Beauvoir percebe-se várias falhas. Não quero desmerece seu trabalho, que é notável e singular de muitas maneiras. Entretanto vários de seus apontamentos científicos e psicológicos são contraditórias ou insuficientes para justificar suas conclusões. Evidentemente toda ciência é passível de alteração. Mas suspeito que Beauvoir deixou-se influenciar por aspirações políticas, e acabou colhendo evidencias apenas que lhe interessavam e, talvez, até distorcendo alguns fatos. Explica-se isso pelo seu ardor pelo "existencialismo".

O existencialismo afirma a prioridade da existência sobre a essência, segundo a célebre definição do filósofo francês Jean-Paul Sartre, amante e companheiro de Beauvoir: "A existência precede e governa a essência." Essa definição funda a liberdade e a responsabilidade do homem, visto que ele existe sem que seu ser seja predefinido. Durante a existência, à medida que se experimentam novas vivências redefine-se o próprio pensamento (a sede intelectual, tida como a alma para os clássicos), adquirindo-se novos conhecimentos a respeito da própria essência, caracterizando-a sucessivamente.

Assim, as mulheres poderiam "escolher" mudar sua posição na sociedade. "Se a mulher se enxerga como é inessencial e nunca retorna ao essencial é porque não opera, ela própria, esse retorno", dizia Simone de Beauvoir. Ou seja: somente as mulheres são capaz de se libertarem - elas não poderiam ser libertadas pelos homens.

Marily Waring foi uma das primeiras deputadas da Nova Zelândia. Depois de seu mandato, ela criticou severamente a forma como era computado o Produto Interno Bruto (PIB). "Nós mulheres, somos visíveis e valiosas para cada um e devemos, hoje que somos bilhões, proclamar essa visibilidade e esse valor" afirmou ela.

Waring também explicou que o PIB menospreza o trabalho realizado por mulheres pois são elas que são responsáveis por grande parte do trabalho nas residências de todo o mundo, bem como pela maior parte da criação de criança e a assistência a idosos Esse trabalho é sem dúvida necessário, do ponto de vista econômico, pois, por exemplo, ajuda a garantir a reprodução da força de trabalho. Todavia, a vasta maioria dos casos tal trabalho não entra no cálculo do PIB. Assim, graças ao trabalho de Waring há um debate em curso para reformular ou melhorar as amarras e as limitações do PIB como índice de valor.

Por último, mencionamos Shirin Ebadi, uma ativista dos direitos humanos na comunidade islâmica, vencedora do prêmio Nobel. O tema dos direitos humanos em Estados islâmicos levanta uma série de questões com sérias implicações para o pensamento político o papel das mulheres na vida pública e em particular. Ebadi era uma juíza antes da Revolução de 1979. Ela foi obrigada a largar o seu trabalho por força de uma série de leis impostas pelo novo regime a despeito disso ela vê os direitos da mulher como algo completamente compatível com o Islã, e sugere que o problema sobre a posição das mulheres na sociedade iraniana está no regime, não na lei islâmica. Ela teme que o evolvimento de Nações Ocidentais, com o pretexto de defender direitos humanos, apenas torne a situação ainda pior. Sua convicção é de que a mudança deve vir de dentro do Islã. Ela, inclusive, aponta como evidencia o movimento relativamente forte das mulheres no Irã, quando comparado com outros estados islâmicos.


4- AS MULHERES NAS ESCRITURAS, AS MULHERES E O SACERDÓCIO, AS MULHERES NA IGREJA
Neste tópico remetemos a leitura ao nosso artigo "As mulheres e o Sacerdócio", neste mesmo blog. 


5- A DOUTRINA MÓRMON ENSINADA PELOS APÓSTOLOS VIVOS SOBRE O PAPEL DA MULHER

As mulheres são uma parte vital do plano de felicidade. "As mulheres participam no trabalho de salvação que inclui o trabalho missionário dos membros, a retenção de conversos, a ativação de membros menos ativos, o trabalho do templo e de história da família, o ensino do evangelho e o cuidado dos pobres e necessitados. Como discípulas de Jesus Cristo, todas as mulheres da Igreja têm a responsabilidade de conhecer e defender os papéis divinos da mulher, que incluem o de esposa, mãe, filha, irmã, tia e amiga. Elas permanecem firmes e inamovíveis na fé, na família e no socorro aos necessitados. As mulheres participam de conselhos que supervisionam as atividades de congregações do mundo inteiro. Por natureza divina, também têm maior dom e responsabilidade pelo lar e pelos filhos, nutrindo-os em casa e em outras circunstâncias." (Ver Tópicos do Evangelho)

As Mulheres da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias pertencem à Sociedade de Socorro e servem nessa organização. As mulheres também servem e lideram na organização da Moças, para jovens de doze a dezoito anos, e na organização da Primária, para crianças de dezoito meses a onze anos. As mulheres também dão aulas na Escola Dominical. As mulheres têm a oportunidade de orar nas reuniões da Igreja e de falar em reuniões locais e gerais da Igreja.

Os profetas dos últimos dias e os líderes gerais da Igreja estiveram atentos ao movimento feminista, e as benefícios e malefícios que ele trouxe a família humana. Reunimos algumas de suas declarações abaixo:

Presidente Ezra Taft Benson disse: 
“Uma das conseqüências evidentes do movimento feminista é a sensação de descontetamento que se criou entre as jovens que escolheram o papel de esposa e mãe. Com frequência, elas são levadas a crer que existem papéis mais emocionantes e satisfatórios para a mulher além dos afazeres domésticos, a troca de fraldas e o chamado dos filhos pela mãe. Essa visão não inclui a perspectiva eterna de que Deus elegeu as mulheres para o nobre papel de mãe e que a exaltação significa um pai e uma mãe eternos. [8]
Uma das Declarações mais importantes sobre as mulheres e seus papel é a Proclamação da Família. Em 1995, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos publicaram “A Família—Proclamação ao Mundo”, que é uma reafirmação de doutrinas e práticas que os profetas têm repetidamente defendido no decorrer da história da Igreja. Ela contém princípios que são essenciais para a felicidade e o bem-estar de toda a família. [9]

Lá é mencionado que "O sexo (masculino ou feminino) é uma característica essencial da identidade e do propósito pré-mortal, mortal e eterno de cada um." Além disso, a Proclamação deixa claro a importância de casar-se e gerar filhos: "O primeiro mandamento dado a Adão e Eva por Deus referia-se ao potencial de tornarem-se pais, na condição de marido e mulher. Declaramos que o mandamento dado por Deus a Seus filhos, de multiplicarem-se e encherem a Terra, continua em vigor. Declaramos também que Deus ordenou que os poderes sagrados de procriação sejam empregados somente entre homem e mulher, legalmente casados. (...) A família foi ordenada por Deus. O casamento entre o homem e a mulher é essencial para Seu plano eterno. Os filhos têm o direito de nascer dentro dos laços do matrimônio e de ser criados por pai e mãe que honrem os votos matrimoniais com total fidelidade. (...) Segundo o modelo divino, o pai deve presidir a família com amor e retidão, tendo a responsabilidade de atender às necessidades de seus familiares e de protegê-los. A responsabilidade primordial da mãe é cuidar dos filhos. Nessas atribuições sagradas, o pai e a mãe têm a obrigação de ajudar-se mutuamente, como parceiros iguais. Enfermidades, falecimentos ou outras circunstâncias podem exigir adaptações específicas. Outros parentes devem oferecer ajuda quando necessário."

Irmã Patricia T. Holland, esposa do Elder Jeffrey R. Holland, deu um ótimo sermão. Reproduzimos uma grande quantida de sua fala, devido a importancia de suas palavras:

Sinto-me muito grata pela maior consciência que o movimento feminista deu a um princípio que temos desde a época da Mãe Eva e antes disso: o princípio do arbítrio, o direito de escolha. Mas um dos efeitos colaterais mais infelizes que enfrentamos com respeito à questão do arbítrio é que, devido à crescente diversidade de estilos de vida para as mulheres de hoje, parecemos cada vez mais incertas e inseguras umas com as outras. Não estamos nos aproximando, mas, sim, nos afastando daquele senso de comunidade e irmandade que nos susteve e nos deu forças por tantas gerações. Parece haver um aumento de competitividade e um declínio de nossa generosidade de umas para com as outras.
(...) Casei-me em 1963, no ano em que Betty Friedan publicou seu livro que abalou a sociedade, The Feminine Mystique, por isso como mulher adulta só posso ficar recordando as lembranças de uma infância mais tranqüila nas décadas de 1940 e 1950. Deve ter sido muito mais confortável ter um estilo de vida já pronto, e vizinhas a toda volta cuja vida pode ser um exemplo a ser copiado. Contudo, deve ter sido ainda mais doloroso para aquelas que, sem ter culpa, eram solteiras na época, ou tinham que trabalhar, ou que enfrentavam as dificuldades de uma família desfeita.
Hoje, em nosso mundo cada vez mais complexo, aquela modelo antigo está fragmentado, e parecemos ainda menos seguras de quem somos ou para onde estamos indo. Sem dúvida não houve nenhum outro período da história em que as mulheres questionaram seu valor próprio de modo tão severo e crítico como na segunda metade do século XX. Muitas mulheres estão buscando, de modo quase frenético, como nunca antes, um senso de propósito e significado pessoal; e muitas mulheres SUD também estão buscando um ponto de vista eterno e um significado em sua feminilidade.
Se eu fosse Satanás e quisesse destruir uma sociedade, creio que lançaria um ataque frontal contra as mulheres. Eu tentaria fazer com que ficassem tão atormentadas e distraídas que jamais encontrariam a força tranquilizadora e a serenidade que sempre foram uma característica de seu sexo.
Satanás fez exatamente isso, apanhando-nos na difícil situação de procurar ser super-humanas, em vez de esforçar-nos para alcançar nosso potencial único e divino dentro dessa diversidade. Ele nos provoca, dizendo que se não temos tudo—fama, fortuna, família, diversão, tudo isso o tempo todo—então fomos privadas de nossos direitos e somos cidadãs de segunda classe na corrida da vida. Estamos enfrentando dificuldades como mulheres, como famílias e como sociedade. As drogas, gravidez na adolescência, divórcio, violência familiar e suicídio são alguns dos sempre crescentes efeitos colaterais de nossa tentativa de sermos super-mulheres. (...)
Precisamos ter a coragem de ser imperfeitas, enquanto nos esforçamos para alcançar a perfeição. Não podemos permitir que nossas culpas, os livros feministas, as entrevistadoras da TV ou toda a cultura da mídia nos façam aceitar um monte de falsidades. Saímos tanto do rumo em nossa busca compulsiva pela identidade e auto-estima que realmente acreditamos que essas coisas podem ser alcançadas se tivermos um corpo perfeito ou diplomas universitários ou altos cargos profissionais ou mesmo um sucesso absoluto como mães. Mas ao buscarmos essas coisas externamente, podemos afastar-nos de nosso verdadeiro e eterno eu interior. Frequentemente nos preocupamos tanto em agradar as pessoas ou representar para elas que perdemos nossa identidade: aquela aceitação plena e tranquila de quem somos como pessoas de valor e individualidade. Ficamos tão temerosas e inseguras que não conseguimos ser generosas com a diversidade, a individualidade e, sim, os problemas de nossas semelhantes. Um número muito grande de mulheres com essas ansiedades observam impotentemente sua vida afastar-se do próprio centro que a firma e sustém. Há muitas que são como um barco no mar, sem vela nem leme, “levados em roda”, como disse o Apóstolo Paulo (ver Efésios 4:14), até haver cada vez mais mulheres completamente confusas. (...)
Uma mulher, que não era de nossa Igreja, de cujas obras eu gosto muito foi Anne Morrow Lindbergh.
Ela comenta sobre o desespero feminino e tormento geral de nossos dias: “As feministas não vislumbraram (…) o futuro [o suficiente]; não estabeleceram nenhuma regra de conduta. Para elas bastava reivindicar os privilégios. (…) E [portanto] as mulheres de hoje ainda estão buscando. Estamos cientes de nossa fome e necessidades, mas ignoramos o que irá satisfazê-las.
Com o tempo livre que conquistamos, estamos mais aptas a secar nossas fontes criativas em vez de enchêlas. Com nossas jarras [na mão] tentamos (…) regar um campo, [em vez de] um jardim. Lançamo-nos indiscriminadamente de corpo e alma nos comitês e
causas. Sem saber como nutrir o espírito, tentamos abafar suas exigências com distrações. Em vez de fixar o centro, o eixo da roda, acrescentamos mais atividades centrífugas à nossa vida, o que tende a jogar-nos [ainda mais] para longe do equilíbrio. Materialmente tivemos conquistas na última geração,
mas espiritualmente (…) perdemos”. Independentemente da época, ela acrescenta: “[Para as mulheres] o problema [ainda] é como nutrir a alma”. (Gift from the Sea, New York: Pantheon Books, 1975, pp. 51–52.) (...)
Ouvi alguém dizer que o motivo pelo qual as mulheres da Igreja têm tanta dificuldade em conhecerem-se é que elas não têm um modelo feminino e divino para seguir. Mas nós temos. Cremos que temos uma mãe no céu. Quero citar o que o Presidente Spencer W. Kimball disse num discurso de conferência geral: “Quando cantamos aquele hino doutrinário (…) ‘Ó Meu Pai’, sentimos o verdadeiro fulgor do recato maternal, da elegância majestosa e recatada de nossa Mãe Celestial, e sabendo quão profundamente somos moldados por nossas mães mortais, será que podemos supor que a influência de nossa Mãe Celestial sobre cada um de nós individualmente será menor?” (Ensign,
maio de 1978, p. 6.)
Jamais questionei o motivo pelo qual nossa mãe no céu não nos é revelada mais claramente, porque acredito que o Senhor tem Seus motivos para revelar tão pouco sobre esse assunto. Além disso, creio que sabemos muito mais sobre nossa natureza eterna do que pensamos; e é nossa sagrada obrigação expressar nosso conhecimento, ensiná-lo a nossas irmãs mais novas e filhas, e ao fazê-lo fortalecer sua fé a ajudá-las a enfrentar as confusões criadas nestes difíceis dias atuais. (...)
Sei que Deus nos ama individual e coletivamente como mulheres, e que Ele tem uma missão para cada uma de nós. Conforme aprendi na encosta da montanha na Galiléia, testifico que se nossos desejos forem justos, Deus Se manifestará para nosso bem, e nossas necessidades serão atendidas por pais celestiais." [10]
O Elder M. Russell Ballard, dos Doze Apóstolos,ensinou:
"Creio que há algumas verdades que tanto as mulheres quanto os homens precisam compreender sobre o papel essencial que a mulher tem no fortalecimento e na edificação do reino de Deus na Terra. (...) Há pessoas que questionam o papel da mulher no plano de Deus e na Igreja. Fui entrevistado por um número suficiente de representantes da mídia nacional e internacional para saber que a maioria dos jornalistas com quem lidei tinha ideias preconcebidas sobre esse assunto. Muitos fizeram perguntas dando a entender que as mulheres são cidadãs de segunda classe na Igreja. Nada poderia estar mais longe da verdade. (...)
Repito algo que foi declarado na conferência geral de abril de 2013: “No grande plano do Pai Celestial que concede o sacerdócio aos homens, estes têm a responsabilidade especial de administrar o sacerdócio, mas não são o sacerdócio. Os homens e as mulheres têm papéis diferentes, porém igualmente valorizados. Assim como uma mulher não pode conceber um filho sem um homem, da mesma forma um homem não pode exercer plenamente o poder do sacerdócio para estabelecer uma família eterna sem uma mulher. (…) Na perspectiva eterna, tanto o poder de procriação quanto o poder do sacerdócio são compartilhados pelo marido e pela mulher”.
Por que os homens, e não as mulheres, são ordenados aos ofícios do sacerdócio? O Presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008) explicou que foi o Senhor, e não o homem, “que determinou que os homens de Sua Igreja deveriam ter o sacerdócio”, e que também foi o Senhor que concedeu às mulheres “a capacidade de completar esta grande e maravilhosa organização, que é a Igreja e o reino de Deus”. O Senhor não explicou por que Ele organizou Sua Igreja da maneira que o fez.
Essa questão, como muitas outras, resume-se em nossa fé. Será que acreditamos que esta é a Igreja do Senhor? Será que acreditamos que Ele a organizou de acordo com Seus propósitos e Sua sabedoria? Será que acreditamos que a sabedoria Dele excede em muito a nossa? Será que acreditamos que Ele organizou Sua Igreja de modo que seria a maior bênção possível para todos os Seus filhos, tanto homens quanto mulheres?
Testifico que essas coisas são verdadeiras. Testifico que esta é a Igreja do Senhor. As mulheres fazem parte integral do governo e da obra da Igreja por meio do serviço como líderes da Sociedade de Socorro, das Moças e da Primária; por meio do serviço como professoras, missionárias de tempo integral e oficiantes de ordenanças do templo; e no lar, onde acontece o ensino mais importante da Igreja.
Não esqueçamos de que aproximadamente metade de todo o ensino realizado na Igreja é feito pelas irmãs. Grande parte da liderança é exercida pelas irmãs. Muitas oportunidades de serviço e atividades são planejadas e dirigidas por mulheres. A participação das mulheres nos conselhos de ala e estaca e nos conselhos gerais na sede da Igreja proporciona a necessária visão, sabedoria e o equilíbrio.
(...)
Os homens e as mulheres são iguais à vista de Deus e da Igreja, mas igual não significa idêntico. As responsabilidades e os dons divinos dos homens e das mulheres diferem em natureza, mas não em importância ou influência. Deus não considera um sexo melhor ou mais importante do que o outro. O Presidente Hinckley declarou que “[o intento de] nosso Pai Eterno (…) era fazer de vocês a glória suprema de Sua criação”.
Algumas ficam confusas e deixam de pensar direito ao comparar as designações dos homens com as das mulheres e vice-versa.
(...)
As mulheres vieram à Terra com dons espirituais e propensões inigualáveis. Isso se aplica especialmente no tocante aos filhos e à família e ao bem-estar e à edificação de outras pessoas.
Os homens e as mulheres têm dons, pontos fortes, pontos de vista e inclinações diferentes. Essa é uma das razões fundamentais pelas quais precisamos uns dos outros. Precisa-se de um homem e de uma mulher para criar uma família, e precisa-se de homens e mulheres para se levar adiante a obra do Senhor. Um marido e uma mulher que trabalham juntos em retidão completam-se mutuamente. Tomemos cuidado para não tentar alterar o plano e os propósitos do Pai Celestial em nossa vida.
Quando homens e mulheres vão ao templo, ambos são investidos com o mesmo poder, que por definição é o poder do sacerdócio. Embora a autoridade do sacerdócio seja dirigida pelas chaves do sacerdócio e as chaves do sacerdócio sejam conferidas apenas aos homens dignos, as bênçãos do sacerdócio estão à disposição de todos os filhos de Deus.
(...)
Precisamos cada vez mais da fé e da voz influente e clara das mulheres. Precisamos que elas aprendam a doutrina e compreendam no que cremos para poderem prestar testemunho da veracidade de todas as coisas — quer esse testemunho seja prestado em volta de uma fogueira em um acampamento das Moças, em uma reunião de testemunhos, em um blog ou no Facebook. Somente as mulheres fiéis da Igreja podem mostrar ao mundo como são as mulheres de Deus que fizeram convênio e no que elas acreditam.
Nenhum de nós pode ficar inerte ao ver os propósitos de Deus serem rebaixados e deixados de lado. Convido em especial as irmãs de toda a Igreja a buscar a orientação do céu para saber o que podem fazer para que sua voz de fé e testemunho seja ouvida. Os irmãos que são Autoridades Gerais e as irmãs que são líderes gerais não podem fazer tudo sozinhos. Os missionários de tempo integral não podem fazer tudo sozinhos. Os líderes do sacerdócio e das auxiliares não podem fazer tudo sozinhos. Precisamos defender nosso Pai Celestial e Seu plano. Precisamos todos defender nosso Salvador e testificar que Ele é o Cristo, que Sua Igreja foi restaurada na Terra e que existe o certo e o errado.
O Presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) explicou: “As bênçãos do sacerdócio estão ao alcance de todos. Elas também são derramadas (…) sobre todas as mulheres fiéis da Igreja. (…) Deus oferece a Suas filhas todos os dons e todas as bênçãos espirituais colocados à disposição de Seus filhos homens” [11] 
O Presidente Hinckley declarou:
"A mulher é a suprema criação de Deus. Somente após a criação da Terra, após a separação do dia e da noite, após a divisão das águas e da porção seca, após a criação da vida vegetal e animal e após o homem ser posto sobre a Terra a mulher foi criada; e só então o trabalho foi dado por completo e bom.
De todas as criações do Todo-Poderoso, nenhuma é mais bonita nem mais inspiradora do que uma graciosa filha de Deus que anda em virtude, com entendimento dos motivos para tanto, que honra e respeita seu corpo como algo divino e sagrado, que cultiva sua mente e constantemente amplia os horizontes de seu entendimento, que nutre seu espírito com a verdade eterna." [12]
O Elder Richard G. Scott, falando aos homens da Igreja, contou algumas experiências e deu conselhos úteis para todos, quando disse:
"Satanás lançou uma campanha sedutora para minar a santidade da mulher, para enganar as filhas de Deus e desviá-las de seu destino divino. Ele bem sabe que as mulheres são afeitas à compaixão e ao sacrifício pessoal que faz delas a força amorosa que mantém unida a família humana. Ele procura desviar sua atenção unicamente para seus atributos físicos e roubar-lhes o papel exaltado de esposa e mãe. Ele já convenceu muitas com a mentira de que são cidadãs de terceira classe no reino de Deus. Essa mentira as leva a trocar o dom divino da feminilidade pela rudeza masculina.
(...) Como marido, pai, filho ou irmão portador do sacerdócio, cada um de nós tem o dever de auxiliar cada filha de Deus a perceber as qualidades sagradas que o Pai Celeste lhe deu. Muitas estão sendo enganadas e assim perdendo a vida rica e plena, bem como as bênçãos que Deus gostaria de lhes dar. Ajude-as a entender o que elas estão sacrificando ao se deixarem levar como cordeiros cegos e inocentes por quem quer roubar-lhes sua incalculável condição de mulher apenas para ganho próprio e autojustificação. Por ser de sua natureza o espírito de doação e a vontade de agradar, muitas mulheres não percebem seu valor intrínseco. Essa perda deixa-as vulneráveis a quem quiser convencê-las de que seu papel fundamental é ser atraente fisicamente.
Muitas de nossas moças sacrificam seu dom divino de feminilidade, espiritualidade e amor ao próximo no altar da popularidade e do reconhecimento mundano. Rapazes, essas moças devem saber que você não procura uma companheira eterna que se deixe dominar por modismos mundanos. Muitas delas se vestem e agem de maneira pouco recatada porque acreditam que é isso que vocês querem. Sem ofendê-las, diga-lhes que as roupas sem recato não agradam a você, um rapaz digno, e que visões indesejadas estimulam emoções indesejadas.
As moças que adotam padrões de vestuário conservadores e mostram os atributos de uma moça que seja dedicada como membro da Igreja são criticadas com freqüência por não estarem "com tudo". Incentive-as, expressando sua gratidão por seu exemplo digno. Agradeça-lhes por fazer o que é agradável ao Senhor e que, no devido tempo, abençoará seu marido e filhos. Muitas moças voltaram à retidão pelo exemplo, compreensão e apoio de um portador digno do sacerdócio. Talvez alguns de vocês possam discutir suas preocupações com franqueza em um momento adequado, como na Escola Dominical ou numa aula do seminário. Inicie uma cruzada particular para ajudar as moças a entender como são preciosas para Deus e como são atraentes para você quando magnificam suas qualidades femininas e seus dons divinos de mulher? Você poderá estar ajudando a formar o caráter e a devoção de sua futura companheira eterna.
Como irmão, você pode ter uma forte influência positiva na vida de sua irmã. Elogie-a quando estiver bonita. É possível que ela dê mais atenção a você do que a seus pais quando lhe sugerirem que use roupas mais discretas. Pequenas gentilezas como abrir portas e melhorar sua auto-estima servirão de incentivo para que encontre seu valor real.
Seja um pai sábio, que cobre cada filha de atenções. Isso lhe trará grande felicidade e fará com que ela se sinta realizada. Sempre que uma filha sente o carinho e aprovação de seu pai, não buscará atenção de modo inadequado. Como, pai, reconheça o bom comportamento de sua filha. Ouça-a e elogie suas qualidades. Assim, enriquecerá a vida dela em muito. Ela imitará o comportamento que observa. Ela deve vê-lo tratar sua esposa e outras mulheres com admiração e respeito honesto." [13]
O Elder Quentin L. Cook disse:
O escritor e historiador Wallace Stegner escreveu sobre a migração e a coligação mórmon no Vale do Lago Salgado. Ele não aceitava nossa religião e, em muitos aspectos, fez críticas; no entanto, ficou impressionado com a dedicação e o heroísmo dos primeiros membros da Igreja, especialmente das mulheres. Ele declarou: “Suas mulheres eram incríveis”. Faço eco a esse sentimento hoje. Nossas mulheres da Igreja são incríveis!
Deus colocou nas mulheres qualidades divinas de força, virtude, amor e disposição de sacrifício para criar as futuras gerações de Seus filhos espirituais. (...)
Um atributo predominante na vida de nossos antepassados pioneiros foi a fé das irmãs. As mulheres, por natureza divina, têm maior dom e responsabilidade pelo lar e pelos filhos, nutrindo-os naquela circunstância e em outras. Em vista disso, a fé expressa pelas irmãs, ao se disporem a abandonar suas casas para atravessar as planícies rumo ao desconhecido, é inspiradora. (...)
As irmãs têm papéis vitais na Igreja, na vida familiar e individualmente, os quais são essenciais ao plano do Pai Celestial. Muitas dessas responsabilidades não têm remuneração financeira, mas sem dúvida proporcionam satisfação e têm importância eterna. Recentemente, uma mulher notável e muito capaz da junta editorial de um jornal solicitou uma descrição do papel das mulheres na Igreja. Foi-lhe explicado que nenhuma líder de nossas congregações era remunerada. Ela interrompeu para dizer que seu interesse havia diminuído significativamente. Ela disse: “Não creio que as mulheres precisem de mais empregos não remunerados”.
Destacamos que a organização mais importante da Terra é a família, na qual “pais e mães são parceiros iguais”. Nem um nem outro recebe remuneração financeira, mas as bênçãos são indescritíveis. Evidentemente, falamos para ela da Sociedade de Socorro, da organização das Moças e da Primária, que são lideradas por presidentes que são mulheres. Salientamos que desde o princípio de nossa história, tanto homens quanto mulheres oram, executam a música, fazem discursos e cantam no coro, até na reunião sacramental, nossa reunião mais sagrada.
Um livro muito aclamado recentemente, American Grace, relata a situação das mulheres de muitas religiões. Foi observado que as mulheres da Igreja são diferentes das demais por estarem amplamente satisfeitas com seu papel na liderança da Igreja. Além disso, os santos dos últimos dias como um todo, homens e mulheres, têm o maior apego a sua fé dentre todas as religiões incluídas no estudo. (...)
Quando estive na Nova Zelândia, no ano passado, li em um jornal de Auckland que algumas mulheres, que não eram da Igreja, se debatiam com essas questões [sobre casamento, carreira e família]. Uma mãe disse que percebeu, em seu caso, que sua decisão entre trabalhar ou ficar em casa girava em torno de um tapete novo e de um segundo carro dos quais ela realmente não precisava. Outra mulher, no entanto, sentia que o maior inimigo da “vida familiar feliz não era o trabalho remunerado — mas, sim, a televisão”. Ela disse que as famílias despendiam mais tempo assistindo à TV do que com a família.
Essas são decisões muito pessoais e delicadas, mas há dois princípios que devemos sempre ter em mente. Em primeiro lugar, nenhuma mulher deve jamais sentir a necessidade de pedir desculpas ou de achar que sua contribuição é menos significativa, por estar-se dedicando principalmente à criação e à educação dos filhos. Nada poderia ser mais significativo no plano de nosso Pai Celestial. Em segundo lugar, todos devemos ter cuidado para não julgar ou supor que as irmãs sejam menos valorosas, se elas tomarem a decisão de trabalhar fora de casa. Raramente compreendemos ou reconhecemos plenamente as circunstâncias das pessoas. O marido e a mulher devem aconselhar-se fervorosamente, sabendo que são responsáveis perante Deus por suas decisões." [14]
O Elder D. Todd Christofferson ensinou:

Desde tempos imemoriais, as sociedades confiaram na força moral das mulheres. Embora não seja a única influência positiva que atua na sociedade, o alicerce moral oferecido pelas mulheres é especialmente benéfico para o bem comum. Talvez, por ser muito difundida, essa contribuição das mulheres não é plenamente valorizada. Gostaria de expressar gratidão pela influência de boas mulheres, identificar algumas das filosofias e tendências que ameaçam a força e a posição das mulheres, e fazer uma súplica para que as mulheres cultivem o poder moral inato que há dentro delas. (...)
A influência moral de uma mulher é sentida com mais poder e utilizada de modo mais benéfico no lar. Não há melhor lugar para criar a nova geração do que na família tradicional, na qual um pai e uma mãe trabalham em harmonia para sustentar, ensinar e criar os filhos. Nos lugares em que esse ideal não existe, as pessoas se esforçam para reproduzir esses benefícios da melhor maneira que podem em sua situação específica.
Em todos os casos, uma mãe pode exercer uma influência que nenhuma outra pessoa em nenhum relacionamento pode igualar. Pelo poder de seu exemplo e de seus ensinamentos, seus filhos aprendem a respeitar as mulheres e a incorporar disciplina e elevados padrões morais na própria vida. Suas filhas aprendem a cultivar a própria virtude e a defender o que é certo, vez após vez, mesmo que isso não seja popular. O amor e as elevadas expectativas de uma mãe levam os filhos a agir com responsabilidade e sem desculpas, a levar a sério a formação educacional e o desenvolvimento pessoal, e a fazer contribuições contínuas para o bem-estar de todos a seu redor. O Élder Neal A. Maxwell perguntou certa vez: “Quando a verdadeira história da humanidade for plenamente revelada, será que ela apresentará os ecos de tiros de armas de fogo ou o som formador de caráter das cantigas de ninar? Os grandes armistícios realizados pelos militares ou a pacificação efetuada pelas mulheres no lar e nas comunidades? Será que o que aconteceu nos berços e nas cozinhas há de se provar mais determinante do que o que aconteceu nos congressos?
Uma filosofia perniciosa que corrói a influência moral das mulheres é a desvalorização do casamento e da maternidade e da vida no lar como carreira. Algumas encaram a vida no lar com total desprezo, alegando que ela degrada as mulheres e que as intermináveis demandas da criação de filhos são um tipo de exploração. Elas ridicularizam o que chamam de “carreira de mamãe”. Isso não é justo nem está certo. Não diminuímos o valor do que as mulheres ou os homens realizam em qualquer empreendimento ou carreira — todos nos beneficiamos com suas realizações —, mas ainda assim reconhecemos que não há bem maior do que a maternidade e a paternidade no casamento. Não há carreira universitária, não há valor em dinheiro nem autoridade ou reconhecimento público que exceda as sublimes recompensas da família. Seja o que for que uma mulher venha a realizar, sua influência moral não é aplicada de modo mais excelente do que na família.
As atitudes em relação à sexualidade humana ameaçam a autoridade moral das mulheres em várias frentes de batalha. O aborto por conveniência pessoal ou social ataca o cerne dos mais sagrados poderes da mulher e destrói sua autoridade moral. O mesmo se dá com a imoralidade sexual e com roupas reveladoras que não só degradam as mulheres como também reforçam a mentira de que a sexualidade de uma mulher é o que define seu valor.
Por muito tempo, houve culturalmente dois pesos e duas medidas, em que se esperava que a mulher fosse sexualmente comedida, porém se desculpava a imoralidade dos homens. A injustiça desse duplo padrão é óbvia e tem sido justificadamente criticada e rejeitada. Nessa rejeição, era de se esperar que os homens se elevassem ao padrão superior, mas ocorreu justamente o oposto: as mulheres e as moças são agora incentivadas a serem promíscuas, como se esperava dos homens segundo o padrão duplo. No passado, os padrões mais elevados das mulheres exigiam comprometimento e responsabilidade por parte dos homens, ao passo que hoje existem relações sexuais sem consciência, famílias sem pai e crescente pobreza. As oportunidades iguais de promiscuidade simplesmente roubam das mulheres a sua influência moral e degradam toda a sociedade. Nessa troca vazia, são os homens que são “liberados” e as mulheres e os filhos que sofrem mais.
Uma terceira área de preocupação vem daqueles que, em nome da igualdade, querem apagar todas as diferenças entre o masculino e o feminino. Com frequência isso toma a forma de um incentivo para que as mulheres adotem traços de caráter mais masculinos: ser mais agressivas, rudes e confrontadoras. Agora é comum nos filmes e videogames ver mulheres em papéis terrivelmente violentos, deixando um rastro de cadáveres e caos. É destrutivo para a alma ver homens nesses papéis e sem dúvida não menos prejudicial quando são mulheres que cometem e sofrem a violência." [15]

Uma das mulheres notáveis na História da Igreja que estiveram empenhadas em defesa das mulheres foi Susa Young Gates (1856–1933), filha de Brigham Young. Ela frequentou a escola particular de seu pai, bem como a Universidade Deseret, a Universidade Brigham Young e a Universidade Harvard. Ela serviu na junta geral da AMM Moças de 1899 a 1911 e da Sociedade Socorro de 1911 a 1922. Ela foi instruída por Brigham Young a fortalecer a juventude por meio de seus escritos. Ela escreveu muitos artigos para publicações locais, durante toda a vida. Fundou a Young Woman’s Journal e posteriormente foi redatora da Relief Society Magazine, de 1914 a 1922. Dois anos antes de sua morte, ela publicou A História da Vida de Brigham Young. A irmã Gates também foi membro do conselho diretor da Universidade Brigham Young por quarenta anos e esteve ativamente envolvida no movimento feminista local e nacional. Teve dez filhos e três filhas.

Há muitos outros exemplos, mas já me estendi demais.

As escrituras também estão repletos de grandes exemplos femininos. Que estamos discorrendo pouco a pouco no blog. Já escrevemos sobre a mãe Eva, e prosseguiremos escrevendo sobre outras grandes mulheres.


6- CONCLUSÃO

Abaixo, citarei minha opinião de todo o debate, reunindo a visão teológica com todos as informações que colhi sobre feminismo. 

O movimento feminista teve um impacto positivo e negativo ao mesmo tempo. Enquanto trouxe liberdades civis e igualdade para as mulheres, confundiu as pessoas - e distorceu princípios fundamentais do Plano de Deus. (A terceira onda é ridícula, pois despreza até mesmo as vitórias alcançadas pelas feministas do passado). No Evangelho, as mulheres nunca foram cidadãs de segunda categoria, elas sempre estiveram ao lado dos homens como parceiras iguais, mesmo em sociedades patriarcais. Todavia, a responsabilidade de homens e mulheres nunca foi idêntica, e seus papeis nunca foram iguais.

Aqueles que tenham igualar materialmente homens e mulheres precisam ignorar fatos biológicos e psicológicos bem documentados. As maldades cometidas contra as mulheres no passado devem ser reparadas, mas não justificam um ativismo irrestrito, pois isso desestabiliza a sociedade. Evidentemente há espaço para melhorar: e homens e mulheres ao compreenderem melhor quem são, como filhos de Deus, serão mais felizes.


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NOTAS

[1] Santos, Vanessa Sardinha Dos. "Diferenças biológicas entre homens e mulheres"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/diferencas-entre-homens-mulheres.htm>. Acesso em 07 de setembro de 2016.

[2] Eleanor E. Maccoby nasceu em 1917 (e esta bem ativa com seus 99 anos!) ficou frustrada com a tendencia literária de endossarem as diferenças entre homens e mulheres, em vez das semelhanças. Ela realizou um grande estudo e publicou em 1974 que aquilo que muitos consideram diferenças entre os sexos são, na verdade, mitos. Entretanto, ela mesmo admitiu que havia diferenças - ainda que irrelevantes ou muito mais complexas do que supunha a maioria das pessoas. 

[3] Schwartzman, José Salomão. Formado na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), é professor titular de pós-graduação em Distúrbio do Desenvolvimento na Faculdade Presbiteriana Mackenzie. Fonte: http://drauziovarella.com.br/mulher-2/diferencas-de-genero/ 

[4] Rocha, Carmem Silva Moretzsohn - "Direitos da Mulher: Uma história de dominação e lutas", fonte: http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/ESSO/Edicoes/22/artigo127779-1.asp

[5] Olivieri, Antonio Carlos - "Mulheres: Uma longa história pela conquista de direitos iguais", http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/mulheres-uma-longa-historia-pela-conquista-de-direitos-iguais.htm

[6] Ribeiro, Leandro de Moura - "A igualdade jurídica de homens e mulheres: Constituição e ações afirmativas", http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9390

[7] O Livro de Política, Editora Globo, pg. 288

[8] ‘To the Elect Women of the Kingdom of God’, Dedicação da Sociedade de Socorro de Nauvoo Illinois, 30 de junho de 1978.)” (Teachings of Ezra Taft Benson, p. 548.

[9] Leia aqui a Proclamação: https://www.lds.org/manual/family-guidebook/the-family-a-proclamation-to-the-world?lang=por

[10] Irmã Patricia T. Holland, Ex-Integrante da Presidência Geral das Moças, Ensign, outubro de 1987, pp. 26–33

[11] "Os homens e as mulheres e o poder do sacerdócio", A Liahona, Setembro de 2014.

[12] “Our Responsibility to Our Young Women”, Ensign, setembro de 1988, p. 11.


[13] "A Santidade da Mulher", Conferência Geral, Abril de 2000.

[14] "As Mulheres da Igreja são incríveis", Conferência Geral Abril de 2011.

[15] "A Força Moral das Mulheres", Conferência Geral Outubro de 2013.

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